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Idosos são maioria entre os faltosos para segunda dose de vacina em SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A maioria das 86 mil pessoas que não apareceram para tomar a segunda dose da vacina contra o novo coronavírus na cidade de São Paulo é de idosos.

Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde da última segunda-feira (5), das 86.610 pessoas que não haviam aparecido para tomar a segunda dose da vacina na capital, 51.721, ou 59,7%, têm mais de 65 anos.

A maior faixa etária entre os faltosos é a de 70 a 74 anos, com 11.819 pessoas. E entre os idosos de 70 a 84 anos, 33.600 ainda não haviam tomado a segunda dose.

Mas há também há mais de 5.600 pessoas com menos de 30 anos que não apareceram para o reforço na imunização –são moradores da cidade com comorbidades ou fazem parte de grupos que tiveram a vacina antecipada.

Especialistas em saúde ouvidos pela reportagem afirmam que somente com a imunização completa uma pessoa estará livre de contrair o coronavírus na sua forma mais grave.

Um deles é o médico Infectologista e coordenador das UTIs da unidade São Luiz Jabaquara da Rede D’Or, Antônio Ganme. De acordo com ele, é importante que o ciclo vacinal esteja completo porque, só assim, a imunização terá eficácia. “Com as duas doses ou a dose única no da vacina da Janssen se aumenta o percentual de pessoas que acabam imunizadas, porque elas produzem anticorpos efetivos”, explicou.

E o frio aumenta o fator de risco. Segundo o infectologista, com as temperaturas mais baixas, as pessoas tendem a ficar em ambientes fechados e a se aglomerar mais. “Isso aumenta o risco de contágio, por isso a importância [do ciclo completo de vacinação]”, disse. “Vacinar 70% da população para diminuir a circulação do vírus é recomendável, mas com uma dose só é pouco. O ideal é ter ao menos 50% vacinados com duas doses”, afirmou Ganme, que coordena um grupo de estudos de Covid-19.

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A médica imunologista Flávia Velger Cohen, que é pós-graduada em prevenção e tratamento de doenças relacionadas à idade, também disse que só se consegue a imunização total com a vacinação completa. Segundo ela, nenhuma vacina tem 100% de eficácia, mas todas são previnem a forma grave da doença e a diminuição de óbitos. “A produção total de anticorpos só se consegue com o esquema vacinal total”, explicou.

A imunologista disse ainda que no inverno as pessoas ficam mais vulneráveis e suscetíveis a doenças respiratórias e isso facilita a transmissão de vírus. “E os idosos estão mais vulneráveis e podem desenvolver a forma grave da doença porque não têm mais a produção normal de anticorpos”, ressaltou. “Acho que com uma dose eles estão se sentindo seguros e não deveriam se sentir assim”, disse.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que realiza busca ativa para ajudar a compreender os motivos da ausência das pessoas aptas a tomar a segunda dose, que podem ser desde uma mudança de endereço, como a espera por um acompanhante para ir ao local de vacinação, e até mesmo esquecimento.

Ainda de acordo com a nota, a Secretaria Municipal da Saúde afirma extrair do sistema Vacivida a relação de pessoas que ainda não receberam a segunda dose do imunizante. A partir disso é realizado o georreferenciamento entre o endereço do faltoso e a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima dele. “Assim, os profissionais da unidade entram em contato com as pessoas para orientá-las sobre a importância da vacinação correta e verificar os motivos da abstenção.”

“Os agentes comunitários de saúde, em suas visitas casa a casa, alertam a população da importância da imunização correta com as duas doses e, também, monitoram os pacientes que não tomaram nenhuma das doses ou apenas a primeira. Os médicos e enfermeiros também realizam o alerta durante atendimento médico”, diz a nota.

Até a manhã esta quarta-feira, mais de 7,5 milhões de vacinas contra o coronavírus já tinham sido aplicadas na capital. No entanto, apenas 1,7 milhão de paulistanos tomou as duas doses necessárias para a imunização completa, e 142,9 mil, a dose única.