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Dólar deve cair pela quarta semana; Bolsa perde força

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O índice de referência da Bolsa de Valores brasileira deve perder fôlego nesta semana. Às 12h21 desta sexta-feira (4), o Ibovespa recuava 0,24%, a 111.424 pontos. Caso encerre o dia nesse patamar, haverá queda semanal de aproximadamente 1%. Será a primeira em três semanas. O indicador continua acumulando ganhos de quase 6% em 2022.

O dólar subia 0,79%, a R$ 5,3370. Apesar da alta diária, a moeda americana tomava o rumo da quarta semana em baixa.

Os mercados de ações e de câmbio iniciaram 2022 com um comportamento inesperado em relação ao exterior. Analistas previam Bolsa em queda e dólar em alta. Essa seria a reação natural diante da expectativa de aumento dos juros nas principais economias e as consequentes reduções de liquidez e de interesse de investidores por ativos de países considerados arriscados, como é o caso do Brasil.

Em meio à queda acentuada do mercado americano, justamente devido à alta dos juros, porém, estrangeiros buscaram em economias emergentes ganhos temporários. Isso favoreceu ativos brasileiros excessivamente desvalorizados pelas turbulências da política doméstica em 2021.

Ajustes nesse movimento podem provocar quedas na Bolsa e altas no dólar, como as registradas nesta sexta, o que no jargão do mercado é chamado de correção.

Nos Estados Unidos, a sexta-feira começava com ajustes para cima nas ações de tecnologia um dia após a Meta, dona do Facebook, ter mergulhado mais de 26% e arrastado os principais índices acionários para o fundo. Os papéis da Meta recuavam 2% na abertura do mercado nesta sexta.

A Nasdaq subia 0,70%. A bolsa de tecnologia americana havia afundado 3,7% na véspera. Esse é o segmento empresarial que enfrenta os maiores prejuízos no mercado de ações em meio às tensões sobre a elevação das taxas de juros. O segmento é o que mais depende de crédito.

O índice Dow Jones subia 0,01%. O S&P 500, referência do mercado americano, recuava 0,19%.

Os juros americanos deverão sair do zero a partir de março porque o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) avaliou que precisa restringir o crédito para que o país consiga frear a maior inflação em quatro décadas.

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A alta nos preços ganha força com a retomada da economia devido ao avanço da vacinação contra a Covid-19. Dados sobre a criação acima do esperado de vagas de trabalho em janeiro, apesar do avanço da variante ômicron, reforçam a expectativa de que os juros irão subir.

O Departamento do Trabalho informou que foram criados 467 mil postos de trabalho fora do setor agrícola no mês passado. Os dados de dezembro foram revisados para cima, para mostrarem abertura de 510 mil vagas, em vez das 199 mil relatadas anteriormente. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 150 mil postos de trabalho em janeiro.

“O mercado laboral está aquecido e mais do que o esperado. Isso põe pressão no Fed a deixar o pé no acelerador no aumento de juros”, disse Andrey Nousi, fundador da Nousi Finance.

Em nota, a Genial Investimentos destacou que, “diante da mudança na avaliação de que a inflação não é transitória, mas sim um processo permanente ligado aos excessos de demanda decorrentes de políticas fiscais excessivamente expansionistas e dos gargalos no sistema produtivo, os bancos centrais precisarão de políticas monetárias mais duras do que as esperadas”.

Com grande influência na Bolsa e na economia brasileira, os preços do petróleo voltavam a disparar nesta sexta. O barril do tipo Brent, referência mundial, saltava 2,62%, a US$ 93,50 (R$ 495,72).

O aumento das tensões entre potências militares ocidentais e a Rússia, que movimenta tropas na fronteira da Ucrânia, é um dos principais fatores de pressão sobre a commodity. Os russos estão entre os principais produtores de óleo e gás.

Além disso, a Opep (organização de países exportadores) reluta em aumentar o ritmo diário de produção, o que já vinha pressionando os preços devido à retomada da economia.

Pietra Guerra, especialista de ações da Clear Corretora, também destacou nesta manhã que tempestades fortes nos Estados Unidos estão ameaçando causar novos gargalos na cadeia de fornecimento de matérias básicas.

As ações da Petrobras subiam 2,53%, beneficiadas, evidentemente, pela alta do petróleo.