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Ibovespa vira perto do fim e sobe 0,21%, aos 112,2 mil pontos

Depois de iniciar fevereiro aos 113,2 mil pontos no primeiro fechamento do mês, e chegar na sessão seguinte (2) aos 113,6 mil no intradia, nos melhores níveis desde outubro passado, o Ibovespa tem se acomodado em torno dos 112 mil pontos nas últimas sessões, perdendo a carona de semana majoritariamente positiva em Nova York e na Europa. Na B3, prevaleceram hoje o sinal ‘hawkish’ da ata do Copom, com reprecificação na curva de juros de ciclo mais longo do que se tinha para a elevação da Selic após o comunicado da semana passada, e o ajuste negativo do petróleo, que colocou Petrobras (ON -1,44%, PN -1,00%) entre as perdedoras do dia.

Ao final, contudo, a referência da B3 mostrava leve ganho de 0,21%, a 112.234,46 pontos, entre mínima de 110.943,44 e máxima de 112.251,37 pontos, renovada perto do fechamento, com giro financeiro a R$ 28,4 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 0,01% e, no mês, sobe 0,08%, avançando agora 7,07% no ano. Na ponta do índice na sessão, Banco Inter (+8,13%), Banco Pan (+7,87%) e Natura (+5,35%). No lado oposto, Hapvida (-3,97%), BR Malls (-3,64%) e Petz (-3,37%).

“Vale (ON + 1,40%) contribuiu para segurar o índice, em dia negativo para Petrobras e curiosamente misto para os bancos (ao fim, Itaú PN +1,11%, Bradesco PN -0,57%) antes da divulgação do balanço do Bradesco, após o fechamento de hoje. As ‘large caps’ (ações de maior capitalização de mercado) têm dado sustentação para o Ibovespa, e ainda temos um colchão de ‘valuation’ considerável, que é um dos principais fatores para atrair o investidor estrangeiro”, diz Naio Ino, responsável pela mesa de trading de equities da Western Asset.

“Temos agora uma pequena correção, dado o rali em janeiro, que poucos imaginavam que poderia ocorrer naquela intensidade. Para frente, a grande dúvida é a extensão desse fluxo comprador estrangeiro, e se teremos ‘trigger’ para sustentar isso. As notícias do front doméstico, como a PEC dos Combustíveis e a política em geral, ainda são negativas”, acrescenta Ino, observando também que o tom da ata de hoje do Copom tende a produzir efeito apenas “marginal” para equities.

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“A ata do Copom trouxe um viés mais duro, com indicação de juros mais altos até que a inflação mostre sinais claros de arrefecimento, e que as expectativas sejam ancoradas. Além do IPCA (amanhã), há cautela para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em janeiro, que será divulgada na quinta-feira”, diz Eduardo Teles, especialista em renda variável da Blue3, destacando o efeito negativo para os preços do petróleo, superior a 2% na sessão, do lançamento de conversas entre Estados Unidos e Irã para flexibilização de sanções, que, caso venha a se consumar, pode resultar em ampliação da oferta global do insumo.

Aqui, a ata da reunião do Copom, divulgada pela manhã, leva o mercado a apostar em ciclo de aperto mais longo, puxando para cima a expectativa da Selic terminal de 2022. O avanço dos juros já vinha favorecendo a migração de recursos da renda variável para a fixa entre os investidores domésticos, inclusive os institucionais, mas o estrangeiro continua a mostrar interesse por compras, o que ajuda a entender a resiliência do Ibovespa neste começo de fevereiro, em que o dólar continua a ceder terreno frente ao real, refletindo o fluxo de ingresso de recursos. Com o dólar à vista agora na casa de R$ 5,26 (+0,11% na sessão), a moeda americana cede 1,15% na semana e 0,85% no mês.

“O real se valorizou em 5% em janeiro, quando olhamos para taxa de câmbio em relação ao dólar – nos colocando em segundo lugar entre os principais países emergentes”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. Ela chama atenção também para a alta acumulada pelas commodities e para a recuperação dos ativos domésticos após os excessos do “liquida tudo Brasil”, em que o cenário macroeconômico “conturbado” resultou em prêmios de risco que têm sido reconsiderados, abrindo espaço para oportunidades de aquisição decorrentes dos descontos.

“Para parte dos investidores estrangeiros, os preços baixos passam a compensar o risco. O Ibovespa se encontra no maior patamar de desconto da história em relação à Bolsa americana”, diz Rachel.