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Irã proíbe elenco de filme selecionado para o Festival de Cannes de deixar o país

Autoridades iranianas submeteram a interrogatórios os membros da equipe técnica e o elenco do filme “The Seed of the Sacred Fig”, do diretor Mohammad Rasoulof, que será exibido dentro da mostra competitiva do Festival de Cannes no mês que vem. A informação é do advogado do elenco, que denunciou ação em sua conta na rede social X.

De acordo com o post de Babak Paknia, as pessoas que trabalharam no longa foram pressionadas para que o filme fosse retirado de Cannes, e o elenco foi proibido de deixar o país.

Rasoulof, ganhador do Urso de Ouro, o prêmio máximo do Festival de Cinema de Berlim, em 2020 com “Não Há Mal Algum”, longa sobre a pena capital, foi detido em julho de 2022. O cineasta foi libertado no final de 2023, depois que os protestos antigovernamentais iniciados no ano anterior perderam força.

Paknia acrescentou no X que os interrogatórios foram realizados esta semana e na semana anterior.

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“Depois de várias horas de interrogatório, lhes foi pedido que solicitassem ao diretor que retirasse o filme do Festival de Cannes”, acrescentou Paknia.

Não está claro quantas pessoas foram interrogadas. Também não se sabe se Rasoulof poderá sair do Irã para comparecer ao festival, que acontece de 14 a 25 de maio na famosa cidade do Mediterrâneo francês.

Participar do Festival de Cannes tem sido cada vez mais difícil para diretores e atores iranianos nos últimos anos. O cineasta Saeed Roustaee, por exemplo, foi condenado a seis meses de prisão pela projeção de seu longa “Os irmãos de Leila”, na edição de 2022. As autoridades da República Islâmica alegaram que o filme foi exibido sem autorização.

A protagonista, Taraneh Alidoosti, foi libertada no início de 2023 após passar quase três semanas na prisão por seu apoio ao movimento de protesto desencadeado pela morte de Mahsa Amini em setembro de 2022, que havia sido detida por supostamente descumprir o rígido código de vestimenta das mulheres no país.