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Bolsonaro diz que ‘Previdência depende agora de outro poder’

O presidente Jair Bolsonaro ressaltou nesta segunda-feira, 8, que a tramitação da reforma da Previdência depende agora de outro poder, o Legislativo, mas que o Executivo tem feito “algumas gestões” porque tem uma “bancada grande lá”, em referência aos parlamentares do seu partido, o PSL, o segundo maior partido da Câmara.

“A proposta mais importante do governo vem da economia, do ministro Paulo Guedes, que é a Previdência. A reforma depende agora de outro poder, mas fazemos algumas gestões, temos bancada grande lá”, disse Bolsonaro, em entrevista à Rádio Jovem Pan, gravada nesta segunda-feira e transmitida há pouco.

Bolsonaro lembrou que a aprovação da reforma da Previdência seria um sinal positivo para o mercado financeiro. “Aumentará a confiança do investidor”, declarou.

O presidente admitiu que gostaria que o governo estivesse funcionando como mais agilidade e salientou que os novos ministros são novos e têm pouca vivência política. “Isso acaba atrapalhando um pouco o andamento”, disse. “Mas acreditamos que vamos atingir bem mais de 90% daquilo que nos propomos há pouco tempo”, afirmou.

O presidente disse que é parceiro dos demais parceiros. “Devemos ouvir os parlamentares e buscar soluções para suas demandas, que, em grande parte, passam por nós, assim como nossas propostas passam pelo Parlamento. Isso causou algum ruído e dificultou implementação de alguma proposta, mas não vamos colocar algo que não se possa cumprir”, disse.

Maia: aprovar a Previdência não é dar mais poder a Bolsonaro em 2022

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse não ver, no Congresso, uma preocupação com um possível fortalecimento de Jair Bolsonaro com a aprovação da Nova Previdência. Maia foi questionado se a PEC poderia impulsionar a reeleição de Bolsonaro em 2022, caso traga uma melhora expressiva para economia brasileira, e se isso faria com que parlamentares quisessem segurar a medida. Ele disse não ver problema em fortalecer o presidente. “Acho que todo mundo fica forte com a aprovação da Previdência”, disse. Ele afirmou que, com a economia fortalecida, os parlamentares terão mais espaço no debate, principalmente sobre o Orçamento e, com isso, poderão fortalecer suas bases.

“Agora, se ele aprovar a reforma, o Brasil crescer, gerar emprego e a capacidade de investimento. Foi um bom presidente, merece ser reeleito. Por que não? O sistema é feito basicamente para o presidente ser reeleito”, afirmou Maia.

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Maia participa nesta segunda-feira, 8, de um evento em Brasília realizado pelos jornais O Globo e Valor, na companhia do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Um pouco antes das falas de Maia sobre 2022, Guedes afirmou sobre a Nova Previdência que prefere “estar aproximadamente na direção certa do que com muita precisão para o lado errado”. O ministro ressaltou que não está interessado em fazer uma reforma light. “Não quero abrir porta para gerações futuras (sobre cálculos suaves). Se você acha que pode seguir fazendo pequenos remendos, está condenado à mediocridade”, disse.

“Quem acha que reforma de impacto de R$ 500 bilhões ou R$ 600 bilhões tudo bem está errado. Se eu já conseguir uma potência de R$ 1 trilhão em 10 anos já está resolvido”, disse. Guedes disse que ainda acha que reforma pode ser aprovada no primeiro semestre. Ele voltou a dizer que há muitas “bombas no sistema atual”, como a questão demográfica, encargos trabalhistas e o problema de não se levar recursos para o futuro.

Maia brincou com o ministro e disse que ele “está sendo um grande articulador político”. Guedes afirmou que ministro da Fazenda aplaudido na avenida defendendo reforma da Previdência é algo incompreensível. “As pessoas estão começando a entender a reforma, essa reforma deixa uma porta aberta para o futuro”, disse. “Sincronização de Estados, municípios e União nos dá possibilidade de atacar reforma da Previdência”.

Lorenna Rodrigues, Camila Turtelli e Idiana Tomazelli
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