Últimas Notícias

Alesp: após ofensas, fala de 'Mamãe Falei' é interrompida por briga generalizada

Depois de chamar petistas e esquerdistas de “vagabundos” reiteradas vezes, o deputado estadual Arthur do Val (sem partido), conhecido como “Mamãe “Falei, teve seu discurso interrompido por empurrões e agressões físicas no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

“Levanta a mão quem é machão. Levanta a mão do líder sindical aí. Quem é líder sindical aí? Levanta a mão. Ta com medo? Quero ver me encarar, ô líder sindical. Eu quero pegar você. Eu quero pegar você, que toma o dinheiro dos trabalhadores. Bando de vagabundo”, discursou o deputado. Em seguida, o Plenário foi invadido por um grupo de parlamentares e apoiadores, com o deputado Teonílio Barba (PT) à frente.

Os dois chegaram a erguer os punhos, indicando que trocariam socos. Barba foi puxado pelo paletó e afastado da tribuna, enquanto a cena se transformou em uma confusão generalizada.

“O contexto é o seguinte: o Enio Tatto subiu na tribuna e falou que a Janaína Paschoal sentou no colo do governador João Doria, o que é (uma afirmação) inadmissível”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o deputado Arthur do Val. “Subi na tribuna para defender ela e expus algumas coisas que incomodaram”, disse, se referindo ao fato de que o tucano Cauê Macris, presidente da Alesp, foi eleito com o apoio do PT.

Macris chegou a interromper a fala de Arthur, após diversas provocações direcionadas à plateia, e pediu que o deputado não usasse termos como “vagabundo”. O presidente da Alesp manteve Arthur com a palavra, que seguiu com o discurso.

Mordida entre deputados

Arthur foi defendido pelo deputado do Novo, Heni Ozi Cukier, que levou empurrões e até uma mordida do deputado Luiz Fernando Ferreira (PT). Dezenas correram em direção ao grupo para apartar a briga.

“Ele me mordeu. Entendo que naquela situação ele perdeu a cabeça. Era uma situação fora do comum, eles estavam todos muito irritados, muito nervosos. O clima não estava bom. Isso não é uma novidade infelizmente, não é exclusivo da Alesp”, disse Heni, que aceitou um pedido de desculpas do colega do PT e não pretende entrar com uma representação contra o agressor.

“Entendi que ele perdeu totalmente a cabeça ali. Ele queria passar por cima de mim para chegar no Arthur e começou a me morder. E aí eu vim abaixo para tentar soltar a mordida dele do meu ombro”, disse o deputado do Novo, que criticou discursos feitos exclusivamente para agradar seguidores e viralizar nas redes sociais. “Não acredito nessa política lacradora, mitadora. Acredito no diálogo.”

O primeiro da fila no grupo que correu em direção a Arthur, ao invadir a tribuna, Teonílio Barba disse que sua intenção não era agredir o colega – e sim retirá-lo do púlpito. Barba criticou o presidente da Alesp, ao não retirar a palavra do deputado. Ele classificou a postura de Cauê Macris como “omissa”, “permissiva” e “conivente” com as ofensas.

“Eu não subi para agredir o deputado, ele que ergueu os punhos”, justificou o petista. “O deputado subiu só para provocar a plateia, não discutiu o tema e passou o tempo todo ofendendo as pessoas, chamando de vagabundo, dizendo que a plateia foi paga para estar ali. Chega um momento em que tem limite.”

Barba disse que entrará com um pedido de cassação do mandato de Arthur “Mamãe Falei”, por quebra de decoro, no Conselho de Ética da Assembleia. Se concretizado, este será o segundo processo disciplinar ao qual ele responderá na Casa – em outubro, ele foi advertido pelo conselho por se referir a deputados como “vagabundos”.

Arthur também já foi expulso do DEM no mês passado. Ele foi punido pelas críticas que vinha fazendo no plenário e nas redes sociais ao vice-governador, Rodrigo Garcia, presidente estadual do partido.

Procurada, a presidência da Alesp disse, em nota, que “o caso passará agora a ser analisado com total isenção pelo Conselho de Ética da Casa, que é o local adequado para apuração”. O presidente diz, ainda, que “as cenas registradas hoje (quarta-feira) não condizem com a história da Assembleia Legislativa de São Paulo. O momento exige serenidade e responsabilidade, sem radicalização”.

To Top