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Votação de impeachment e comício de Trump mostram realidades alternativas dos EUA

Por Brad Heath

WASHINGTON (Reuters) – Os norte-americanos tiveram uma visão clara de como a política de seu país está dividida na quarta-feira.

Enquanto a Câmara dos Deputados votava a favor do impeachment de Donald Trump depois de acusá-lo de abusar de seu poder em suas conversações com a Ucrânia, o presidente subia no palco de um comício de campanha no Michigan de punhos cerrados e declarava que não fez nada de errado. “Nem parece que estamos sendo impedidos”, disse.

Quinze minutos depois, ele foi.

Tratou-se de uma alternância de imagens notável para ilustrar uma divisão política tão ampla e profunda no país que parece que muitos norte-americanos estão adotando não somente duas visões conflitantes de um presidente polêmico, mas duas realidades alternativas –que na quarta-feira se desenrolaram em tempo real na televisão e nas redes sociais.

Em uma, a conduta de Trump em relação à Ucrânia foi um abuso de poder tão grave que ele deveria ser expulso da Casa Branca. Na outra, ele foi uma vítima inocente de um abuso político.

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A votação de quarta-feira fez de Trump o terceiro presidente dos Estados Unidos a sofrer impeachment na Câmara, uma refutação histórica dos esforços de seu governo para pressionar autoridades ucranianas a anunciarem investigações sobre o presidenciável democrata Joe Biden e seu filho, Hunter Biden, que beneficiariam Trump politicamente agora que ele pleiteia a reeleição em 2020.

Membros da Câmara, controlada pelos democratas, separada quase inteiramente pelo alinhamento partidário, votaram a favor do impeachment de Trump acusando-o de abusar do poder de seu cargo e de obstruir o Congresso. O Senado, comandado pelos colegas republicanos de Trump, provavelmente o absolverá em um julgamento no mês que vem.

A jornada tumultuada que levou ao impeachment de Trump na Câmara divide seus compatriotas há meses. Um pouco menos da metade deles apoia um impedimento, o primeiro passo para retirá-lo da função, e um número quase igual o rejeita, de acordo com pesquisas Reuters/Ipsos feitas na segunda e na terça-feiras.

Por trás das visões diferentes existe um cisma político mais profundo. Mas de 8 em cada 10 eleitores democratas disseram achar que Trump merece ser impedido, e aproximadamente o mesmo número de republicanos disse que ele não deveria sê-lo. Poucos norte-americanos ainda não se decidiram.