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Crises são os melhores momentos para oportunidades, afrma Jorge Paulo Lemann

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Jorge Paulo Lemann, controlador de gigantes como AB InBev, Kraft Heinz e Burger King, disse que crises são os melhores momentos para oportunidades.
“Todas as crises por que eu passei foram duras, sofri, não sabia direito como ia chegar ao fim, mas alguma oportunidade apareceu também. Compramos uma corretora em 1971. Íamos ser operadores de Bolsa, mas a Bolsa caiu 70% no mês seguinte. Viramos operador de open marketing e foi um bom negócio”, disse ele durante uma live promovida pelo Fórum da Liberdade.
O encontro foi para discutir a crise causada pela pandemia do novo coronavírus.
Também participaram da conversa os empresários Roberto Setubal, do Itaú Unibanco, José Galló, da Renner, e David Vélez, do Nubank.
Lemann usou como exemplo de oportunidade durante crise a compra da Lojas Americanas, em 1981, em uma época em “que ninguém queria comprar ativos” por conta da inflação muito elevada.
“Isso [a compra das Lojas Americanas] nos permitiu comprar a Brahma num momento oportuno, de eleição com resultado incerto. Compramos a Brahma por um preço muito barato. E, em 2008, tivemos a oportunidade de comprar a Anheuser-Busch”, afirmou.
O empresários disse ainda que a oportunidade não é apenas de comprar barato. “É que certas coisas que não estavam disponíveis passam a estar, ou você passa a olhar o negócio de maneira diferente.”
Roberto Setubal, do Itaú Unibanco, compartilha da mesma opinião que Lemann.
“O Itaú fez várias transações históricas, grandes e relevantes na nossa história em momentos de crise. Possivelmente tenhamos a oportunidade de fazer algo importante desta vez”, afirmou.
Ele também disse que o banco está preparado para atravessar esse momento. “Hoje não há problema de liquidez, e isso evita o mal maior. Mais para frente o Itaú vai estar muito bem, continuamos muito fortes. O banco está preparado, capitalizado, muito líquido e com condições de ajudar o Brasil a superar a crise e voltar a crescer.”
Segundo Setubal, a crise também vai acelerar a digitalização do setor, o que pode contribuir para o fechamento de agências.
“São os clientes que vão definir a necessidade ao longo do tempo. Mas o pessoal mais jovem, por exemplo, não gosta de ir. Já estamos reduzindo num ritmo de 400 agências por ano. Isso pode se acelerar”, afirmou.
A crise também trouxe pessoas mais velhas para o Nubank, que é um banco digital. “A gente se viu ajudando pessoas de mais de 70 anos a abrir conta para receber os benefícios do governo”, disse David Vélez.
Lemann diz que suas empresas estão “um pouco” atrasadas no mundo digital.
“Mas temos certeza que vai ser cada vez mais importante. As Lojas Americanas já têm a Ame, que é uma forma de pagamento digital, e o Burger King está acompanhando tudo o que se passa na Domino’s Pizza, por exemplo, que no ramo de comida rápida é o mais avançado”, disse.
José Galló, da Renner, diz que a crise também vai acelerar outros setores, como burocracias e regras antiquadas. “Vamos sair dessa crise com o digital tomando um papel importantíssimo. Vamos intensificar a telemedicina, o trabalho remoto.”
Para Lemann, é uma oportunidade para os brasileiros refletirem. “Que essa crise seja uma oportunidade de trabalharmos mais juntos. Um dos problemas do Brasil é essa polarização grande entre rico e pobre, esquerda e direita. Nada é resolvido, nada anda. Esperaria que essa crise gerasse mais bom senso e pragmatismo para resolver os problemas.”
Gallo afirma que o momento também pode ser a oportunidade para o Brasil fazer as reformas que estavam por fazer, como a tributária, a administrativa e a política. “Vamos apressar as reformas necessárias para nos dar competitividade.”
Setubal diz que é um momento de “pouco otimismo e muita esperança” e que precisamos de reformas profundas.
“A gente tem muitos desafios e precisaria estar crescendo mais rápido. Temos um estado ineficiente e desigualdade sociais enormes”, afirmou.

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