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Filas e falta de papel-moeda levam Caixa a limitar saque e digitalizar auxílio de R$ 600

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Aglomerações em agências e o risco de falta de papel-moeda levaram a Caixa Econômica Federal a montar uma operação para restringir saques e digitalizar o auxílio emergencial de R$ 600. O benefício é pago pelo governo a informais.
Alterações de cronograma, bloqueio temporário de transferências bancárias e ferramentas de pagamento digital levaram a uma mudança de cenário neste mês, com redução do movimento nas agências e forte participação dos pagamentos virtuais.
Nesta segunda-feira (25), por exemplo, os beneficiários do programa sacaram R$ 102 milhões em dinheiro, valor muito inferior aos R$ 719 milhões gastos de maneira virtual.
Esse movimento pode ganhar mais um impulso até o fim desta semana, quando deve ser anunciada uma ferramenta para pagamentos em lojas por meio de QR Code.
Para tentar suprir a demanda por cédulas, o Banco Central pediu que a casa da Moeda entregasse 60% do total contratado para 2020 até julho, cerca de R$ 38 bilhões. O total contratado para o ano é o equivalente a R$ 64 bilhões em novas notas.
O BC já havia pedido, no início do mês, o adiantamento de R$ 9 bilhões até o fim de maio. Destes, R$ 6,5 bilhões estão em circulação.
No pagamento da primeira parcela do auxílio, foi liberado o saque imediato para pessoas com contas em bancos.
Beneficiários que tiveram uma conta digital aberta na Caixa precisaram esperar um segundo cronograma para sacar.
Uma brecha na medida, no entanto, permitia que o recurso na conta digital fosse transferido para outra conta bancária, podendo ser sacado imediatamente.
Na segunda parcela, além de um espaçamento maior no cronograma dos repasses, a restrição foi ampliada.
As contas já estão recebendo os recursos, mas nenhum saque está autorizado até o momento, com liberação somente a partir do dia 30. Nesse período, todas as transferências bancárias também estão bloqueadas.
Os beneficiários só podem fazer pagamentos de boletos e compras em lojas online ou estabelecimentos que aceitam um cartão digital. Com isso, são evitados saques de papel-moeda e deslocamentos a agências.
“Ao realizar esses pagamentos e compras, milhões de pessoas deixam de ir às agências da Caixa. Essa é uma das razões de o movimento das agências ter diminuído”, disse o presidente da Caixa, Pedro Guimarães.
O aplicativo disponibilizado pelo banco para as contas digitais já passou por 15 atualizações.
A próxima deve ser a do QR Code, em medida ainda a ser anunciada. O beneficiário usará a câmera do celular para ler o código da loja e, dessa forma, fazer o pagamento virtual.
A medida depende da finalização de testes. A efetivação demandou parcerias com empresas das maquininhas de cartão, por meio das quais os pagamentos são feitos nas lojas.
Do início deste mês até segunda-feira (25), o BC disponibilizou R$ 20,5 bilhões em cédulas.
Além das notas antecipadas, a autoridade monetária colocou em circulação notas produzidas dentro do cronograma normal e que já estavam no estoque.
“O BC coloca cédulas e moedas em circulação ao longo do ano de acordo com as demandas da população, que são sazonais”, esclareceu em nota.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Indústria Moedeira, entidade que representa os empregados da Casa da Moeda, a capacidade de produção foi aumentada em 40% para atender o pedido do BC e os funcionários fazem horas extras e trabalham aos fins de semana.
“O programa anual de produção para 2020 é de 1,8 bilhão de cédulas. Normalmente seria até dezembro, mas com a urgência do auxílio emergencial por conta da pandemia, estão solicitando o quanto antes a entrega”, afirmou o presidente do sindicato, Aluízio da Silva Júnior.
Com o aumento da demanda, Silva conta que todos os dias saem entre três e quatro caminhões de dinheiro da Casa da Moeda. “Antes não saía todo dia porque esperavam um volume maior para enviar o que foi produzido.”
A Casa da Moeda afirmou que a produção está em dia e confirmou que trabalha aos fins de semana para garantir as entregas.
O BC afirmou que o objetivo é construir estoques de segurança e mitigar eventuais consequências do entesouramento (quando o dinheiro fica parado na mão das pessoas), o que se observa desde o início da pandemia.
Na operação do auxílio emergencial, o governo optou por fortalecer a área digital da Caixa.
Todos os beneficiários tiveram uma conta digital aberta. Até mesmo clientes de outros bancos que informaram suas contas tiveram a ferramenta aberta automaticamente.
De acordo com Guimarães, a Caixa abriu 42 milhões de contas digitais em 40 dias somente para os pagamentos do auxílio emergencial.
No pagamento do benefício a trabalhadores com salário cortado, mais de 1 milhão já foram abertas.
Segundo ele, outras 15 milhões de contas serão criadas para a liberação do FGTS a trabalhadores prevista para junho.
Em outra frente de digitalização, o governo prepara um sistema de liberação de crédito com garantia do Tesouro a micro e pequenas empresas por meio das maquininhas de cartão. O sistema ainda está em estudo.
A ideia é que a operação desses financiamentos seja feita por meio do uma parceria entre a Caixa e empresas que operam os aparelhos de cartão.
O objetivo é aproveitar a capilaridade das maquininhas no país, que estão nas mãos até dos menores empresários, para facilitar a concessão do crédito, especialmente diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.

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