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De olho em Doria, Bolsonaro negocia intervenção no PSL para reforçar Russomanno

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Palácio do Planalto negocia com o presidente do PSL, Luciano Bivar, uma intervenção no diretório municipal do partido em São Paulo para retirar a candidatura da deputada Joice Hasselmann à prefeitura.

O objetivo é reforçar a candidatura anunciada pelo também deputado Celso Russomanno (Republicanos) e, em caso de vitória, ter um pé na administração da maior cidade do Brasil -o presidente Jair Bolsonaro negocia voltar ao PSL, partido pelo qual se elegeu e do qual saiu em 2019.

A negociação estava bem avançada até a tarde desta segunda, quando uma postagem feita no fim da manhã no Twitter do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, paralisou as tratativas.

No texto, Eduardo criticava o deputado federal Antônio Nicoletti, que vai disputar a Prefeitura de Boa Vista (RR) pelo PSL, por querer associar seu nome ao do presidente.

“Essa conduta não condiz com o que queremos para o Brasil”, afirmou o filho presidencial, reafirmando que seu pai não irá apoiar candidatos, conforme escreveu em redes sociais em agosto.

Ocorre que não é bem assim. Além de alianças da família em cidades do Rio, a começar pela capital fluminense e seu prefeito Marcelo Crivella, Bolsonaro agora tem um candidato para chamar de seu em São Paulo.

O motivo é o governador João Doria (PSDB), que construiu uma aliança entre seu partido, o MDB e o DEM, além de outros sete, em torno da candidatura à reeleição do tucano Bruno Covas.

A costura é ampla, envolvendo o apoio da trinca à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara. Por ora, o MDB ficou também com a vaga de vice de Covas, na figura do vereador Ricardo Nunes.

Se o arranjo vingar, o objetivo final é a formação do que Covas chamou de frente pela democracia, ou seja, uma aliança contra Bolsonaro. Doria afirmou trabalhar para que isso se configure numa candidatura em 2022, sem naturalmente dizer o óbvio, que é seu o nome que ele espera ver na urna eletrônica.

Maia, que publicamente nega tal concertação, teria papel central na eventual empreitada presidencial -há que o especule para vice, mas é cedo para isso.

Um auxiliar do presidente afirmou que o movimento alertou Bolsonaro, que vinha tentando evitar vinculações muito óbvias com candidaturas para não se desgastar com derrotas.

Para o PSL, o negócio seria vantajoso. O partido já conversa com o presidente sobre sua eventual volta à agremiação. De quebra, um eventual sucesso de Russomanno colocaria a sigla no governo da terceira maior economia do país, após a União e o estado de São Paulo.

O passo em falso virtual de Eduardo carrega uma ironia, dado que ele poderá manter Joice no páreo. Ambos se odeiam, e o filho presidencial sempre esteve em choque direto com a deputada desde que ela foi líder do governo de seu pai no Congresso.

Com o rompimento de Bolsonaro com o PSL, Joice foi trocada pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO), em outubro passado. Mesmo o tuíte desta segunda a citava, lembrando que Nicoletti a apoiou durante o racha do partido –o mesmo texto que pode abortar a operação que cassaria sua candidatura.

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