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Gol acusa Latam de ‘ação predatória’ para obter aeronaves e pilotos, e pede proteção à Justiça dos EUA

Em moção de emergência apresentada à Justiça dos Estados Unidos nesta quinta-feira, a Gol acusa a Latam de estar envolvida “em uma campanha deliberada e coordenada” para adquirir seus aviões, atrair lessores e contratar seus pilotos, aproveitando o processo de recuperação judicial da empresa.. Uma audiência foi marcada na próxima segunda-feira pelo Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York para tratar do caso.

Na moção, a Gol pede que a Justiça dos EUA estabeleça um prazo de cinco dias para que a Latam apresente todas informações-chaves sobre as ações tomadas até aqui “adquirir as aeronaves e funcionários da GOL”.

A companhia também pede a intimação de Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, e de Roberto Alvo, CEO Global da Latam. O vice-presidente de Pessoas, Emilio del Real, o vice-presidente de Vendas, Andreas Schek, e o vice-presidente de Finanças, Ramiro Alfonsín, também são citados.

No documento, a Gol alega que, logo após entrar com o pedido de recuperação judicial, tomou conhecimento de que a Latam estava tentando adquirir seus arrendadores, aviões e pilotos. A empresa cita e-mails em que a Latam convida arrendadores a negociarem contratos de aeronaves Boeing 737, operadas pela Gol, e afirma que a concorrente “distorceu a capacidade financeira da GOL” no contato com parceiros comerciais dela.

A Latam também passou a divulgar vagas de emprego para pilotos licenciados a voar com o 737, mostra o documento. No pedido, está anexado um print com vaga aberta pela Latam, publicada em 29 de janeiro, quatro dias depois do pedido de recuperação judicial apresentado pela Gol nos EUA.

Latam de olho nos Boieng

O documento lembra que a frota hoje operada pela Latam é composta principalmente por aeronaves Airbus A320. Já a Gol opera exclusivamente com os aviões Boeing 737. “A ideia de que a LATAM está interessada em fazer a transição para uma frota que utiliza aeronaves Boeing 737 e pilotos Boeing 737 —no início do caso do capítulo 11 da GOL— é totalmente inconsistente com as operações existentes da LATAM. A explicação mais lógica para a conduta da LATAM é que ela espera se aproveitar da GOL”, acrescenta a empresa.

Principal concorrente da Latam no Brasil, a Gol opera hoje com 141 aeronaves do tipo Boeing 737, enquanto a Latam conta com uma operação com 322 aeronaves – modelos Airbus e Boeing 767, 787 e 777 – que voam no Brasil, Chile, Colômbia, Equador e Peru, além das operações internacionais na América Latina e na Europa, Oceania, África, Estados Unidos e Caribe.

O pedido da Gol cita ainda uma entrevista de Jerome Cadier ao jornal Folha de S. Paulo, em que ele admite que negocia com os arrendadores da GOL para adquirir aeronaves Boeing da empresa, aproveitando o processo de reestruturação da empresa. Na entrevista, o Jerome Cadier diz que ” Gol está com vários aviões parados” e que “Quem sabe a gente pode colocá-los para voar”.Ele afirma, no entanto, que a empresa não estaria buscando especificamente as aeronaves da Gol.

Na moção, a Gol alega ainda que as ações da Latam a prejudicam diretamente ao comprometer “relacionamentos valiosos de longo prazo com arrendadores de aeronaves e prestadores de serviços”, e visar pilotos qualificados e aeronaves operadas pela empresa. Acrescenta que, caso a investida da Latam não seja controlada, ela poderá “afetar as operações comerciais da GOL, sua capacidade de fornecer serviços aos clientes e, em última análise, comprometer suas perspectivas de uma reorganização bem-sucedida”.

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