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Vacinação contra Dengue atinge mais 625 municípios

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Imagem MixVale

Em um movimento significativo de combate à dengue, o Ministério da Saúde anunciou a expansão do programa de vacinação para incluir adicionalmente 625 municípios distribuídos em seis estados brasileiros: Alagoas, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Sul, Piauí e Mato Grosso. Esta iniciativa, programada para começar na próxima sexta-feira (26), faz parte de um esforço contínuo para mitigar a incidência da doença no país.

Detalhes da Distribuição

A expansão foi detalhada em uma nota técnica emitida pelo ministério, que ainda será publicada, detalhando os critérios e a logística da distribuição. Essa nova fase da campanha levará a vacinação da dengue para um total de 1.330 municípios em 25 unidades da federação, marcando um passo significativo no combate à doença.

Resposta à Emergência de Saúde

A decisão surge em resposta ao número alarmante de casos de dengue registrados no país, com mais de 3,8 milhões de ocorrências somente em 2024, estabelecendo um novo recorde na série histórica que começou em 2000. “Apesar da tendência de queda e estabilização em diversos estados, muitas pessoas ainda vão ficar doente, mas podemos evitar muitos óbitos”, afirmou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente.

Flexibilização no Uso de Vacinas

Devido à preocupação com o vencimento iminente das vacinas, a Câmara Técnica de Imunizações aprovou a aplicação das doses com validade até 30 de abril para pessoas entre 4 a 59 anos, nos municípios que possuem excedentes. Originalmente, estas doses eram destinadas principalmente para jovens de 10 a 14 anos, mas a baixa adesão levou a uma mudança na estratégia.

Garantia de Segunda Dose

O ministério assegura que a segunda dose será garantida para todos que forem vacinados nesta nova fase, apesar das dificuldades em quantificar as doses disponíveis devido às variações nos relatórios dos municípios.

Impacto e Projeções

Com a ampliação do acesso à vacinação, o Ministério da Saúde espera não apenas reduzir a incidência de dengue, mas também preparar melhor o sistema de saúde para lidar com futuros surtos. As expectativas continuam a ser altas, com a projeção de atingir até 4,2 milhões de casos em 2024, reforçando a necessidade de vigilância e prevenção contínuas.

A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que se caracterizam por serem causadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes. No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti (significa “odioso do Egito). Os vírus dengue (DENV) estão classificados cientificamente na família Flaviviridae e no gênero Flavivirus. Até o momento são conhecidos quatro sorotipos – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 –, que apresentam distintos materiais genéticos (genótipos) e linhagens.

As evidências apontam que o mosquito tenha vindo nos navios que partiam da África com escravos. No Brasil, a primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos 1 e 4. Após quatro anos, em 1986, ocorreram epidemias atingindo o estado do Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo de forma continuada (endêmica), intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas à introdução de novos sorotipos em áreas indenes (sem transmissão) e/ou alteração do sorotipo predominante, acompanhando a expansão do mosquito vetor.

Aspectos como a urbanização, o crescimento desordenado da população, o saneamento básico deficitário e os fatores climáticos mantêm as condições favoráveis para a presença do vetor, com reflexos na dinâmica de transmissão desses arbovírus. A dengue possui padrão sazonal, com aumento do número de casos e o risco para epidemias, principalmente entre os meses de outubro de um ano a maio do ano seguinte.

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