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Dólar sobe ante real com exterior cauteloso e ruídos políticos domésticos

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar avançava em relação ao real nesta segunda-feira de menor apetite por risco no exterior, enquanto, no Brasil, os investidores digeriam a proposta de reforma tributária do governo e os novos desdobramentos na CPI da Covid-19.

Às 10:31, o dólar avançava 0,09%, a 4,9410 reais na venda, depois de chegar a tocar 4,9732 na máxima do pregão. {O dólar futuro negociado na B3 subia 0,13%, a 4,9425 reais.

Esse comportamento estava em linha com os ganhos do dólar no exterior. Seu índice contra uma cesta de pares fortes subia 0,2%, enquanto rand sul-africano, peso mexicano e peso chileno, divisas emergentes cujo comportamento o real tende a acompanhar, apresentavam perdas.

Segundo especialistas, as atenções dos mercados estavam voltadas principalmente para a disseminação global da variante Delta do coronavírus, bem como a indicadores econômicos ao redor do mundo que saem esta semana.

Na sexta-feira, serão divulgados dados importantes sobre a criação de empregos nos Estados Unidos, que podem oferecer pistas sobre o futuro da política monetária do Federal Reserve.

Enquanto isso, no Brasil, “os mercados devem continuar a repercutir a divulgação da segunda fase da reforma tributária nos próximos dias, que traz ajustes no imposto de renda para empresas, pessoas físicas e investimentos, e não foram muito bem recebidos por investidores na sexta-feira”, escreveram analistas da XP Investimentos.

O governo brasileiro encaminhou na sexta-feira à Câmara dos Deputados sua proposta que, entre outros pontos, introduz tributação sobre dividendos pagos aos investidores e alterações na taxação de investimentos em renda fixa, fundos e Bolsa, com a fixação de uma alíquota única de tributação, sem diferenciação para aplicações de prazo menor, como ocorre atualmente.

Na última sessão, na esteira da notícia, a moeda norte-americana spot teve alta de 0,64%, a 4,9376 reais na venda.

Apesar da reação inicial negativa dos investidores, “acredito que a Reforma Tributária não seja um risco estrutural ao mercado”, escreveu em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. “Alguns termos irão mudar e os preços se ajustar pontualmente.”

Além das mudanças tributárias, a CPI da Covid também estava no radar, após a revelação do deputado Luís Miranda (DEM-DF) ao Senado de que o presidente Jair Bolsonaro se referia a Ricardo Barros (PP-PR) quando mencionou irregularidades na importação da vacina indiana contra Covaxin.

Alguns analistas apontaram a notícia como uma “escalada” nas investigações da CPI, mas, para Kawa, “a CPI da Pandemia é um constrangimento ao governo, mas não deve mudar a situação política”.

Levando em consideração também que as eleições presidenciais só ocorrerão dentro de mais de um ano e que a alta de juros pelo Banco Central do Brasil tende a favorecer o câmbio, ele vê as correções recentes nos mercados domésticos como pontuais.

O dólar segue abaixo da marca psicológica de 5 reais e acumula perda de aproximadamente 4,75% contra a divisa brasileira até agora em 2021.

O Banco Central fará nesta sessão leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em janeiro e maio de 2022.

(Edição de Isabel Versiani)

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