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Governo aumenta imposto para bancar novo programa do Bolsa Família

Governo aumenta imposto para bancar novo programa do Bolsa Família Comunicado do Planalto fala que alteração temporária vai elevar arrecadação em R$ 2,14 bilhões, contrariando promessa de Bolsonaro de não aumentar tributos.

Sem resolver o impasse dos precatórios, o presidente Jair Bolsonaro editou um decreto aumentado a alíquota do IOF para bancar a expansão do Auxílio Brasil, a reformulação do Bolsa Família que ainda não entrou em vigor.

Comunicado do Planalto fala que alteração temporária vai elevar arrecadação em R$ 2,14 bilhões, mas não menciona de quanto será a elevação da alíquota.

Esse decreto vai  alterar as alíquotas do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF), relacionados às operações de crédito para pessoas jurídicas e físicas.

De acordo com comunicado do Palácio do Planalto, as novas alíquotas valerão no período entre 20 de setembro de 2021 e 31 de dezembro de 2021.

“A referida medida irá gerar um aumento de arrecadação estimado em R$ 2,14 bilhões. Esse valor permitirá a ampliação do valor destinado ao programa social Auxílio Brasil, cujo novo valor entrará em vigor ainda no ano de 2021”, justifica o Planalto em nota.

O novo programa social pretende atender a cerca de 17 milhões de famílias, ante as 14,6 milhões atendidas pelo Bolsa Família atualmente.

Esta medida fere a promessa de Bolsonaro na campanha de 2018, de não aumentar tributos. Ele indicava, ao contrário, que reduziria impostos. No começo do ano o presidente Jair Bolsonaro já havia aumentado um tributo, mas para compensar desonerações. Na época, uma medida provisória (MP) aumentou a cobrança sobre os bancos, limitando a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros para pessoas com deficiência, e acabar com renúncias tributárias para o setor petroquímico. Em troca, zerou provisoriamente o PIS/Cofins sobre o diesel e do gás de cozinha (GLP).

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O GLOBO antecipou que há muita pressão no governo para ampliar ações sociais ainda neste ano. O foco prioritário são as famílias atendidas atualmente pelo Auxílio Emergencial, criado para dar suporte durante a pandemia, que acaba em outubro.

O Planalto informa que, por se tratar de decreto, as mudanças do IOF entram em vigor imediatamente. Já o efetivo aumento do Auxílio Brasil, ainda dependerá de medida legislativa própria.

Outras alterações

De acordo com o Planalto, a mudança na alíquota do IOF, além da ampliação do Auxílio Brasil, vai permitir o aumento da cota de importação de bens destinados à Ciência e Tecnologia, para viabilizara continuidade de pesquisas no país. “A medida viabilizará, em especial, os projetos de pesquisa, desenvolvimento e produção de vacinas para coronavírus em andamento na FioCruz e no instituto Butantã, os quais, hoje, são os maiores beneficiários deste regime fiscal”, alega o governo.

A medida também permite que o governo zere a alíquota de PIS/Cofins que incide sobre a importação de milho. A avaliação do Planalto é de que isso “deverá ter efeitos positivos sobre o custo da alimentação”.

A alteração da cota de importação dos bens de ciência e tecnologia e da importação do milho serão implementadas diretamente pelos órgãos do Ministério da Economia.

Crédito mais caro

O economista-chefe da Valor Investimentos, Paulo Duarte, afirmou que o aumento do IOF deve encarecer o crédito de uma forma geral e, ressaltou, em um momento em que a economia está “combalida”.

— Essa medida mostra o quanto o governo tem pouca margem fiscal, uma medida obviamente anticíclica no sentido de desestimular a economia e é um aumento de tributo no momento em que a economia não engrenou — disse.

Outro fator que pode contribuir para o encarecimento do crédito é a provável alta na taxa básica de juros, a Selic, na próxima semana. Atualmente em 5,25%, o Banco Central já sinalizou em um aumento para 6,25% na próxima reunião e que os juros vão continuar subindo até que a inflação de 2022 fique dentro da meta. Fonte: O Globo