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Produção de veículos tem alta de 11,6% em 2021 e Anfavea faz previsão tímida para 2022

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Anfavea (associação das montadoras) divulgou nesta sexta (7) os dados de produção de 2021 e as projeções para 2022. A entidade espera que o setor fabrique 2,46 milhões de veículos neste ano, o que representará um crescimento de 9,4% em relação ao período anterior.

Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, o cálculo considera que o PIB terá um crescimento de 0,5% ao longo deste ano, acompanhado pelo arrefecimento da crise sanitária e pela retomada da confiança.

A entidade considera também os pontos negativos. A previsão é de que 2022 termine com uma taxa Selic de 11%, o que vai afetar o crédito. Além disso, o período eleitoral, o aumento dos custos, a inflação acima da meta, a oscilação do câmbio e os problemas logísticos irão prejudicar os negócios.

Contudo a Anfavea não leva em conta futuras interrupções da produção devido à variante ômicron. “É um tema de preocupação, estamos acompanhando diariamente e não podemos subestimar o impacto dessa nova onda, mas não estamos considerando o impacto negativo neste momento”, afirma o presidente da entidade.

Apesar dos problemas, a associação das montadoras espera que este ano seja mais estável do que foi 2021, que terminou com 2,25 milhões de veículos fabricados.

Em relação a 2020, houve alta de 11,6% na produção, com destaque para o setor de caminhões, que teve 158,8 mil unidades produzidas -crescimento de 74,6% em comparação ao ano anterior.

Entretanto a expectativa inicial era de uma elevação de 25% na montagem de veículos no Brasil, número que foi sendo revisto ao longo do ano passado.

A consultoria IHS calcula que o nível de produção global pré-pandemia só será atingido novamente em 2025. “Não temos motivos para sermos diferentes”, diz Moraes, considerando que o país ainda passava por um momento de retomada em 2019.

Em vendas, a associação das montadoras está mais otimista que a Fenabrave e aposta em uma alta de 8,5% no licenciamento de veículos leves e pesados. Na quinta (6), a associação que representa os distribuidores de veículos projetou crescimento de 4,6% na comercialização.

Sejam 4% ou sejam 8%, ambas as previsões são cautelosas. O setor automotivo está escaldado após um 2021 com alta de apenas 3% nos licenciamentos, sendo que o ano havia começado com uma expectativa de 16% de crescimento.

Com os resultados, o Brasil subiu uma posição entre os maiores produtores de veículos e, segundo a Anfavea, fechou 2021 na oitava posição, atrás do México. Em vendas, o país se manteve na sétima colocação.

Os estoques pré-pandemia eram suficientes para atender a 42 dias de comercialização, mas agora há carros disponíveis para suprir apenas 16 dias. Moraes diz que esse é um problema global, com o mesmo comportamento se repetindo nos EUA e em outros mercados. O mesmo ocorre com o encarecimento dos automóveis.

Entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021, houve um aumento médio de 14% nos preços de carros zero-quilômetro no Brasil e de 25% nos valores negociados no segmento de usados. Os dados divulgados pela Anfavea foram levantados pela KBB, empresa especializada na precificação de veículos.

As altas mais expressivas ocorreram em São Paulo, devido ao aumento do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços). A alíquota, que era de 12% no fim de 2020, hoje está em 14% para veículos novos.

O resultado aparece na distribuição das vendas pelo país. Os emplacamentos em São Paulo tiveram queda de 8% em 2021 na comparação com o ano anterior. Pela primeira vez, o estado perdeu a liderança no comércio automotivo, sendo ultrapassado por Minas Gerais no ranking nacional.

As exportações cresceram 16% em 2021, com 376,4 mil unidades enviadas ao exterior. Em valores, a elevação ficou em 37,8%.

O resultado, contudo, segue distante do atingido em 2018. Naquele ano, aproximadamente 630 mil unidades foram exportadas, e Moraes afirma que a pandemia e as dificuldades em produzir não justificam tamanha diferença. “O resultado atual está muito abaixo do que o setor poderia fazer caso os obstáculos que enfrentamos fossem eliminados.”

O presidente da Anfavea segue cobrando a reforma tributária. Entre as mudanças esperadas está o fim do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que, de acordo com a entidade, só é cobrado no Brasil.

“Por que tem IPI e não tem IPA, um imposto sobre produtos agrícolas?”, questiona Moraes.

Mas o executivo pretende permanecer mais contido quanto às críticas feitas ao governo federal, que marcaram o primeiro semestre de 2021. “Vou usar a frase que ouvi de um executivo alemão: ‘eu não sou o homem de um homem, eu sou o homem de uma ideia’. A Anfavea vai defender uma política de estado, vai continuar defendendo as reformas estruturais.”

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