Economia

Votorantim vê 2022 ainda forte, mas com visibilidade menor; eleva investimentos

SÃO PAULO (Reuters) – A Votorantim espera manter neste ano forte desempenho que obteve em 2021, impulsionada pela elevação de preços de commodities e de investimentos em novas frentes, mas avalia que a visibilidade do cenário está mais restrita diante das consequências de guerra na Ucrânia e do cenário eleitoral no Brasil.

A holding, que tem negócios nas áreas de cimento, alumínio, mineração, suco de laranja, energia, imobiliário e financeiro, teve lucro líquido de 7,1 bilhões de reais em 2021, após prejuízo de cerca de 3 bilhões um ano antes, quando os negócios foram atingidos por baixas contábeis decorrentes da pandemia.

A expectativa de investimento do grupo para este ano soma 6,2 bilhões de reais, alta de cerca de 17% sobre o desembolsado em 2021. Os recursos serão aplicados em projetos que incluem modernização de ativos na Votorantim Cimentos e planos de crescimento da Companhia Brasileira de Alumínio, afirmou o diretor financeiro da Votorantim, Sergio Malacrida.

O grupo terminou 2021 com 13,7 bilhões de reais em caixa, avanço sobre os 9,78 bilhões de 2020. Questionado sobre os planos de diversificação, o presidente-executivo, João Schmidt, reafirmou que a Votorantim segue interessada nos setores de infraestrutura, saneamento e saúde.

Em saúde, que vive um boom de investimentos e se distancia dos ativos industriais e intensivos em capital já detidos pelo grupo, a Votorantim avalia que o setor “tem um encaixe interessante com nosso portfólio”, disse Schmidt.

“Adoraríamos poder fazer um negócio na área de saúde também”, afirmou o executivo, ressaltando que não há nada específico sendo discutido pelo grupo no setor no momento.

A Votorantim mantém uma estratégia de aplicação de recursos em negócios voltados à “preservação de capital” e tem buscado investimentos que não estejam tão sujeitos aos ciclos de commodities metálicas e agrícolas.

Neste sentido, enquadrou-se a compra, em conjunto com a Itaúsa, da participação da Andrade Gutierrez na operadora de infraestrutura de mobilidade CCR, anunciada no final de março.

“Gostamos da empresa (CCR) e estávamos buscando uma porta de entrada já há bastante tempo”, disse Schmidt. “A CCR representa para nós a materialização deste interesse em infraestrutura”, acrescentou. “É um setor de demanda secular de investimento e a gente tem muito interesse em continuar avaliando oportunidades”.

Em saneamento, após os primeiros grandes leilões no ano passado após a aprovação do marco que facilita privatizações no setor, a empresa segue estudando opções, disse Schmidt.

“A história aqui é como a gente amplia essa avenida de investimentos em preservação de capital. Infraestrutura é uma”, disse Malacrida. “Estamos concretizando agora o que vínhamos falando há cinco, seis anos”, acrescentou.

A outra via que vem ganhando corpo nessa estratégia do grupo é a Altre, plataforma de investimentos em ativos imobiliários e que está buscando oportunidades também fora do Brasil, especialmente no mercado norte-americano, disse Schmidt.

“O mercado imobiliário norte-americano é de uma profundidade e amplitude muito grande…Se você olhar os projetos que a Altre fez aqui no Brasil, o que estamos buscando lá fora são coisas similares”, disse Malacrida.

Em setembro, a Altre acertou a compra de 60% do complexo imobiliário Alto das Nações, que terá a mais alta torre corporativa da capital paulista, com 219 metros de altura quando for concluída em 2025. O investimento da Votorantim na aquisição seria de 1 bilhão de reais, segundo publicações da imprensa.

Sobre as perspectivas para o ano, o presidente da Votorantim avalia que os fatores que têm impulsionado preços de commodities devem se manter, junto com a demanda ainda forte pelos produtos do grupo, em meio à recuperação de economias no pós-pandemia.

“A nossa leitura hoje é de um ano forte (em resultados) em 2022, mas com baixa visibilidade… Salvo alguma ruptura maior do que já estamos vendo, tende a ser um ano de patamares semelhantes a 2021”, disse Schmidt.

No ano passado, a Votorantim teve alta de 40% na receita líquida, para 49 bilhões de reais, e a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado disparou 70%, para 11,5 bilhões.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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