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Como Lucas Leiva virou dor de cabeça para Roger no Grêmio

PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS) – Lucas Leiva foi reforço comemorado por Roger Machado no Grêmio. Desde o início das negociações para retorno do volante ao clube que o projetou, o treinador abriu as portas para ele, seja pensando no time ou no que o jogador de 35 anos pode agregar fora de campo. Mas bastou deixar o jogador duas vezes na reserva para ouvir vaias e ver a contratação trazer dor de cabeça para o ambiente tricolor.

Lucas passou a estar apto a jogar no duelo contra a Ponte Preta, há duas rodadas. Para esta partida, se criou uma grande comoção da torcida. A Arena do Grêmio recebeu mais de 43 mil pessoas para ver a estreia do marcador, que havia deixado o clube em 2007.

O retorno após passagens por Liverpool, da Inglaterra, e Lazio, da Itália, no entanto, não aconteceu desde o início do jogo. Priorizando o rendimento da equipe nos últimos jogos, Roger iniciou com Lucas no banco de reservas. Ele só foi entrar no segundo tempo.

Por isso, antes mesmo de a bola rolar, quando o nome do treinador foi anunciado no sistema de som, vaias ecoaram pela Arena. O comportamento descontentou o comandante de campo, que disse, depois da partida, ter visto deslealdade da imprensa nas críticas anteriores ao jogo.

“A escolha [de deixar Lucas no banco] foi tranquila, ele vinha de quase três meses sem jogar, tinha a questão de entrosamento do setor, porque quando os jogadores não estão aptos, se dá prioridade ao jogo e acaba não entrosando. Só com os jogadores em campo se nota isso. Era precipitado, e a escolha se provou ser correta. Se o resultado fosse negativo, o que se chama de convicção viraria teimosia. Em alguma forma, de alguma medida, teve deslealdade [externa] no processo do jogo”, disse o treinador.

“Eu faço a gestão de vários aspectos. Técnico, tático, físico, de ambiente interno e externo. Nada pode se sobrepor a essa gestão, que pode influenciar no contexto do ambiente. Vimos que, ao entrar em campo, quando anunciaram meu nome, fui vaiado. Isso não tenho dúvida que foi reflexo da construção do ambiente externo. São opiniões que alguns externam de forma pesada. Mas, faz parte do processo, tenho 30 anos convivendo com vocês [imprensa], sempre com muito respeito. E, em alguns momentos me sinto desrespeitado por alguns”, afirmou Roger.

O desgosto de Roger foi reflexo das cobranças por Lucas desde o início, mas não demoveram o treinador da prioridade ao que ele chama de ‘ambiente interno’. Roger quer conduzir a participação do volante sem ferir a condição dos atletas que estão atuando há mais tempo.

Veio a segunda oportunidade de escalar Lucas desde o início, na rodada passada, contra a Chapecoense e novamente ele optou por o experiente volante no banco. Dessa vez Lucas precisou entrar mais cedo, graças à expulsão de Bitello. O ingresso aconteceu ainda no primeiro tempo.

POR QUE LUCAS FICA FORA?

Roger Machado se vê contra a parede. Ao mesmo tempo que percebe pressão da torcida e da imprensa pela titularidade de Lucas Leiva, entende que o setor de marcação é onde tem os melhores rendimentos do time. Villasanti e Bitello têm desempenhado futebol dentro do esperado.

Além disso, o técnico tenta manter a estrutura da equipe para evitar mudanças de comportamento. Se escolher pela saída de Campaz, que oscila entre jogos bons e ruins, precisará levar Bitello à frente, o que pode ocasionar queda na criação de oportunidades e no rendimento individual dele.

A meritocracia interna também faz parte da equação que manteve Lucas no banco. Como Villasanti fez por merecer o lugar como primeiro marcador do meio graças a suas boas atuações, a saída dele parecia, de alguma forma, injusta, mesmo considerando o peso de Lucas no contexto do clube.

A solução para isso parece ter surgido ‘sem querer’. Para o jogo da próxima sexta-feira (5), contra o Guarani, o treinador não contará com Bitello, suspenso, e terá a oportunidade de, finalmente, começar com Lucas em campo.

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