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Papa confronta Meloni e chama exclusão de imigrantes de “criminosa”

Por Philip Pullella

CIDADE DO VATICANO (Reuters) – O papa Francisco fez neste domingo uma defesa apaixonada dos imigrantes, chamando a exclusão deles da sociedade de “escandalosa, repugnante e pecaminosa” e colocando-se em rota de colisão com o próximo governo de direita da Itália.

Francisco fez seus comentários ao canonizar um bispo do século 19 conhecido como o “pai dos imigrantes” e um homem do século 20 que ministrava aos doentes na Argentina.

Francisco, que fez do apoio aos imigrantes um tema importante de seu pontificado, comandou a cerimônia diante de 50 mil pessoas na Praça de São Pedro.

“A exclusão dos imigrantes é escandalosa. De fato, é criminosa. Faz com que morram na nossa frente”, disse.

“E hoje o Mediterrâneo é o maior cemitério do mundo”, disse ele, referindo-se a milhares de pessoas que morreram afogadas tentando chegar à Europa.

“A exclusão dos imigrantes é repugnante, é pecaminosa. É criminoso não abrir as portas para os necessitados”, disse.

Giorgia Meloni deve se tornar primeira-ministra da Itália no final deste mês à frente de uma coalizão de direita que prometeu reprimir a imigração e endurecer a vigilância sobre as fronteiras da Itália.

Ela prometeu repatriações aceleradas e regras de asilo mais rígidas. Meloni também sugeriu bloqueio naval no norte da África para impedir que os imigrantes naveguem e novas restrições aos navios de resgate de caridade.

Francisco, que não mencionou a Itália, disse que alguns imigrantes enviados de volta são colocados em “campos de concentração onde são explorados e tratados como escravos”. No passado, ele disse que isso aconteceu na Líbia.

O papa saiu do roteiro sobre os imigrantes quando mencionou o mais conhecido dos dois novos santos – o bispo Giovanni Battista Scalabrini, que viveu entre 1839 e 1905.

Scalabrini fundou duas ordens religiosas – uma de padres e outra de freiras – para ajudar os imigrantes italianos nos Estados Unidos e na América do Sul.

O outro novo santo é Artêmides Zatti, que viveu entre 1880 e 1951. Sua família fugiu da pobreza na Itália e se estabeleceu na Argentina.

Leigo da ordem religiosa salesiana, ele trabalhou como enfermeiro, levando saúde aos pobres em sua bicicleta.

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