Negócio

Danone vai encerrar negócios de laticínios na Rússia; terá impacto de 1 bi de euros

Por Silvia Aloisi e Richa Naidu

PARIS (Reuters) – A Danone abrirá mão do controle de seus negócios com laticínios na Rússia em uma decisão que pode gerar um impacto de até 1 bilhão de euros por conta de baixa contábil, informou a empresa nesta sexta-feira.

A companhia vai se desfazer de um negócio que representa cerca de 90% de suas operações na Rússia, onde manterá uma unidade de nutrição infantil.

“Esta é a melhor opção para garantir a continuidade dos negócios locais a longo prazo”, disse a Danone em comunicado, acrescentando que a unidade de lácteos russa respondeu por cerca de 5% das vendas líquidas do grupo nos primeiros nove meses do ano.

Uma fonte próxima ao assunto disse que a Danone pode manter uma participação no negócio de laticínios, o maior da Rússia. A empresa não divulgou para quem a unidade será transferida, enquanto um analista russo identificou vários potenciais interessados.

“O conselho de administração acaba de iniciar um processo que levará a uma transação que pode ser uma venda total ou parcial. Mas ao final desse processo, o objetivo da Danone é não operar mais o negócio e não ter controle efetivo”, disse a fonte.

As ações da Danone subiram mais de 1% no início do pregão, com analistas dando boas-vindas à notícia e dizendo que poderia anunciar uma reformulação mais ampla de suas operações.

“A Rússia é claramente um ativo do qual eles tiveram que sair”, disse Pierre Tegner, analista da corretora Oddo BHF, em nota. “Não é apenas porque a Rússia é um negócio de baixa margem com baixo crescimento. É principalmente porque esse ativo gerou muita distração nos últimos 11 anos para a alta administração.”

Outras áreas em que o grupo poderia revisar operações não essenciais incluem leite líquido e produtos lácteos básicos no Brasil, Argentina, México e Marrocos, disse Tegner, bem como leite orgânico nos Estados Unidos, refeições para bebês na França e Itália, além de pequenas operações de envase de água na Espanha e na Polônia.

Mikhail Mishchenko, chefe do Centro de Pesquisa de Mercado de Laticínios da Rússia, nomeou três potenciais pretendentes locais: Econiva, Komos e Molvest.

Mishchenko disse acreditar que o vencedor mais provável será a Econiva, uma das maiores fornecedoras de leite do país, que também conta com apoio do Estado.

Mas os ativos também podem ser divididos e distribuídos entre os participantes do mercado, disse ele.

As três empresas russas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários. A Danone se recusou a comentar.

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