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Batalha jurídica antecedeu suspensão de jogo entre Goiás e Corinthians

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A principal notícia do futebol brasileiro neste sábado (15) foi a suspensão da partida entre Goiás e Corinthians, até então marcada para as 19h, na Serrinha. A pedido do clube paulista, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) determinou o adiamento do jogo em razão da divergência sobre a presença de torcida visitante no estádio.

Nos últimos dias, o Corinthians entrou em uma “guerra jurídica” e lidou com decisões conflitantes:

A Justiça Comum, baseada na recomendação do Ministério Público de Goiás (MPGO), bateu o martelo que o duelo seria realizado com torcida única, sob a justificativa de “evitar atos de violência entre as torcidas organizadas dos dois times, que possuem histórico de grande rivalidade”;

A Justiça Desportiva, acionada pelo Corinthians após o imbróglio, deu razão aos paulistas e liberou a presença da Fiel em Goiânia. Depois de não haver acordo para o conflito, suspendeu a realização do jogo em decisão assinada por Otávio Noronha, presidente do STJD.

Mas o que motivou o MPGO a recomendar que o jogo ocorresse com torcida única? Como o Corinthians trabalhou para reverter a situação? E os torcedores que viajaram para o jogo? Há brecha no calendário para a partida ser remarcada? O UOL Esporte responde essas e outras questões abaixo.

Briga entre torcedores no primeiro turno

No dia 19 de junho, quando Corinthians e Goiás se enfrentaram pelo primeiro turno do Brasileiro, integrantes de torcidas organizadas dos dois clubes entraram em confronto no meio da Marginal Tietê. Na ocasião, 17 pessoas foram detidas e outras ficaram feridas. Fogos de artifício, barras de ferro e de madeira foram alguns dos objetos identificados na briga.

Esse conflito foi o principal argumento que o Ministério Público usou para solicitar que o jogo de ontem fosse realizado com torcida única. Outras justificativas foram a “estrutura física do Estádio Hailé Pinheiro (Estádio da Serrinha), que não possui vias de acesso exclusivo e seguro para a torcida visitante”, de acordo com o comunicado divulgado pelo MPGO à época.

Semana de “guerra” nos bastidores

A disputa nos tribunais começou no último dia 6 (quinta-feira da semana passada), quando o MP, com o aval da Secretaria de Segurança Pública do estado, anunciou a proibição dos visitantes.

O Corinthians foi pego de surpresa com a decisão, principalmente por não ter tido chance de se defender. No mesmo dia, o clube acionou o STJD.

A resposta do STJD, favorável ao clube paulista, veio na noite de quinta, menos de 48h antes do jogo. O Goiás, portanto, forneceu informações sobre como seria a venda de ingressos para os visitantes. Quando tudo parecia resolvido, nova reviravolta: na manhã de sábado, dia do jogo, o Tribunal de Justiça de Goiás seguiu a recomendação do MP e determinou que o jogo fosse realizado com torcida única.

Depois de todo esse imbróglio, o STJD voltou a agir, acionado pelo Corinthians, e suspendeu a partida na parte da tarde. A delegação do Corinthians retornou a São Paulo em voo fretado. O time do Goiás treinou no campo de jogo. Ainda não há nova data para a partida.

Corinthians comemora “vitória” pela Fiel

Depois do adiamento da partida, o presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, agradeceu ao STJD por acatar o pedido do clube e suspender o jogo. Tanto Duilio como todo o departamento jurídico do clube passaram os últimos dias extremamente focados na liberação da Fiel em Goiânia.

“Sem a Fiel, o Corinthians não joga! Lamentável um jogo adiado, mas seria inadmissível ter jogo nesse cenário. A Fiel tem direito de estar em qualquer estádio que o Corinthians jogue! Agradecemos ao STJD a suspensão da partida em Goiás até que tudo se resolva. Vai Corinthians!”, escreveu o mandatário no Twitter.

Torcida recebe notícia na estrada

O impasse sobre a presença de torcedores visitantes no jogo em Goiânia pegou as torcidas uniformizadas do Corinthians pelo caminho. Uma caravana com quatro ônibus da Gaviões da Fiel, um da Camisa 12 e outro da Estopim da Fiel saiu de São Paulo às 2h da manhã de sábado com a informação de que os corintianos poderiam entrar no estádio.

As uniformizadas estavam em Orlândia, no interior de São Paulo, perto de Ribeirão Preto, quando souberam que o cenário tinha mudado. “O comandante do policiamento mandou mensagem para a gente dizendo que a gente não poderia entrar no jogo”, contou André Luiz Machado, conselheiro da Gaviões e diretor de caravana da uniformizada.

A partir desse ponto, a saga da torcida na estrada se mistura com a ação do clube nos bastidores para evitar a realização da partida. “A gente está parado faz duas horas porque precisamos de um respaldo jurídico. A gente precisa saber o que a gente faz. Se a gente volta ou segue. O Duilio já ligou aqui para a gente. Ele mesmo se posicionou a nosso favor, pediu para a gente esperar por mais uma hora porque o Corinthians está cuidando do caso”, contou o torcedor na ocasião.

A ‘dica’ de Duilio aos torcedores

Pela versão do integrante da Gaviões, Duilio conversou com os torcedores por telefone e indicou a possibilidade de o Corinthians não entrar em campo sem sua torcida no estádio, além de deixar claro que seria difícil conseguir a liberação.

“É mais fácil o Corinthians anular a partida ou promover uma ação, como o Duilio falou, de não entrar em campo, do que a gente assistir ao jogo”, contou Machado antes de a suspensão da partida ser oficializada, quando os torcedores decidiram retornar à capital paulista.

Enquanto a caravana aguardava perto da estrada, o clube agia em silêncio. Herói Vicente, diretor jurídico do Corinthians, afirmou que não poderia falar sobre as estratégias jurídicas. Elas estavam postas já a quem decidiria mais tarde.

A caravana já a caminho da capital paulista quando o UOL Esporte noticiou a suspensão do jogo, pouco antes de a CBF anunciar em seu site que seguiria ordem do STJD de suspender a partida.

Calendário

Ainda não há informações sobre quando a partida entre Goiás e Corinthians será disputada. Fato é que, até o fim da temporada, os dois clubes só têm uma “brecha” para que esse jogo seja encaixado. Ela será entre as rodadas 34 e 35, quando Esmeraldino e Timão entram em campo em 26 de outubro e depois só em 2 de novembro. Entre essas duas datas, vale ressaltar, haverá a final da Libertadores entre Flamengo e Athletico-PR, marcada para o dia 29 de outubro.

Veja os jogos de Corinthians e Goiás até o fim da temporada:

CORINTHIANS

19/10 — Flamengo (final da Copa do Brasil)

22/10 — Santos (fora)

26/10 — Fluminense (casa)

2/11 — Flamengo (fora)

5/11 — Ceará (casa)

9/11 — Coritiba (fora)

13/11 — Atlético-MG (casa)

GOIÁS

23/10 — Cuiabá (fora)

26/10 — América-MG (casa)

2/11 — Athletico-PR (fora)

5/11 — Juventude (casa)

9/11 — Fluminense (fora)

13/11 — São Paulo (casa)

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