Investimento

Conselheira da Petrobras diz que demora na troca de colegiado atrasa mudanças estratégicas

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A representante dos funcionários da Petrobras no Conselho de Administração (CA) da companhia disse nesta quinta-feira ver uma demora na indicação pela União de nomes para reformular o colegiado, formado ainda por membros escolhidos pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para Rosangela Buzanelli, a alteração do conselho é “urgente” para que tenham início mudanças estratégicas e estruturais na gestão da estatal, incluindo revisão da política de preços de combustíveis e dos processos de privatização.

“Minha expectativa era de que a troca dos representantes da União se concretizasse neste mês de fevereiro, mas dado que até o momento sequer foram formalizadas ao CA essas indicações, me preocupa a viabilidade dessa mudança ocorrer na Assembleia-Geral Ordinária (AGO) de abril”, disse a conselheira em um texto publicado na internet.

Atualmente, cinco dos 11 membros do conselho foram indicados pelo governo Bolsonaro.

Quando são indicados novos membros ao conselho, seus nomes precisam passar por testes de integridade e elegibilidade dentro da companhia, antes que possam ser aprovados em assembleia. É preciso ainda que haja um mês entre a convocação e a realização de uma assembleia.

“O país elegeu um novo governo e um projeto de Petrobras e de país radicalmente distinto do antecessor… A atual composição do CA, em sua absoluta maioria, foi eleita com um projeto e uma visão estratégica da companhia inconciliáveis com a visão vencedora nas urnas em 2022”, afirmou.

“Não basta trocar apenas o presidente da companhia, já que hoje o atual governo e seu projeto são minoria absoluta no conselho.”

Também compõem o colegiado atualmente quatro representantes de minoritários, uma representante dos trabalhadores e o novo presidente da empresa Jean Paul Prates, que ocupou a vaga que pertencia ao antigo CEO.

Prates havia afirmado anteriormente que havia uma expectativa de que os indicados fossem apresentados na semana passada pelo governo, o que não ocorreu até o momento.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva defende que a Petrobras tenha papel relevante na transição energética, com projetos de energia renovável, além de sua atuação em óleo e gás.

Também há pressões para uma revisão na política de preços de combustíveis e de pagamento de dividendos, ampliação na capacidade de refino, para reduzir a dependência externa de combustíveis, dentre outros.

Prates tomou posse como novo presidente da Petrobras ainda em janeiro e já indicou cinco nomes para a diretoria, que atualmente passam pelos testes internos para que depois sejam colocados em aprovação no conselho.

O executivo foi eleito presidente por unanimidade pelo conselho, apesar da ausência de mudanças no colegiado.

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