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Andarilho da bola, Bruno Mezenga tenta ofuscar o fenômeno Endrick na final

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando Endrick nasceu, Bruno Mezenga já tinha estreado como profissional.

No momento em que Endrick despontava como candidato a novo fenômeno do futebol brasileiro, Bruno Mezenga estava na reserva do CSA, na Série B do Campeonato Brasileiro.

Os dois atacantes fizeram todos os gols da primeira partida da decisão do Campeonato Paulista, vencida pelo Água Santa por 2 a 1. Mas, enquanto a grande revelação de 16 anos está pressionada de forma precoce, o veterano de 34, discreto na maior parte da carreira, desponta como o maior destaque ofensivo da competição.

Neste domingo (9), o Palmeiras de Endrick recebe o Água Santa de Mezenga, às 16h (de Brasília), no Allianz Parque, pelo segundo jogo da final. O clube de Diadema joga pelo empate para obter o inédito título. Vitória dos donos da casa pela diferença mínima provocará disputa de pênaltis.

“Espero que a gente continue essa nossa história. É a nossa oportunidade. E, talvez, a gente não tenha outra”, disse o centroavante do Água Santa.

Ser campeão, para o time alviverde, significará manter a rotina. É sua quarta final consecutiva no torneio, que venceu em 2020 e em 2022. Uma regularidade que ainda é buscada por Endrick.

O jovem começou 2023 quase como certeza de gols. Pedido de maneira incessante pela torcida no ano passado, quando estava no banco de reservas, passou a ter cada vez mais chances. Mas seu primeiro gol na temporada ocorreu apenas no último domingo.

Ele já sofria com críticas e pressões anormais para um atleta de tão pouca idade

“Às vezes me pergunto por que colocaram tanta mídia em mim. Eu não pedi isso. Não tem o que fazer, não dá para pedir que as pessoas não falem da minha vida. Sempre disse que gostaria de ter todos os brasileiros perto de mim, mas entendo cada vez mais que isso não é possível, e sempre existirão pessoas para me atacar”, reclamou Endrick, em entrevista à revista GQ Brasil.

O garoto apareceu na imprensa nos últimos dois anos não apenas pelos gols na base e pelo talento em campo mas também por causa dos patrocinadores. Ele tem contrato com marca de material esportivo, empresa de odontologia e casa de apostas esportivas. E nem tem idade legal para apostar.

Pelo que ele fez antes de ser profissionalizado, o Real Madrid aceitou pagar 72 milhões de euros (R$ 397 milhões pela cotação atual) para comprá-lo. Ele chegará ao clube espanhol quando completar 18 anos.

Talvez o seu caminho se cruze com o de Bruno Mezenga no Campeonato Brasileiro de 2023. O artilheiro do Água Santa (sete gols) no torneio estadual deve assinar com o Santos.

Será a volta, aos 34 anos, de Mezenga a um dos grandes do país. Revelado pelo Flamengo, estreou aos 16 (a idade que Endrick tem hoje), no Nacional de 2005. Fez parte, apesar de ter jogado pouco, do elenco que conquistou o título brasileiro de 2009. Mas, com poucas chances na Gávea, peregrinou por Austrália, Polônia, Sérvia e Indonésia. Sempre sem brilho.

Também esteve no São Caetano, no Vila Nova e CSA. Anotou poucos gols e não deixou saudades.

Destacou-se enfim na Ferroviária, em 2021, aos 32 anos. Acabou artilheiro do Paulista (nove gols) e eleito o melhor atacante do torneio. A glória pode vir agora, com o Água Santa.

“Ele não é apenas o cara que faz os gols. É o jogador da última bola, mas também é quem pressiona a saída de bola muito bem”, disse o técnico Thiago Carpini.

Isso ficou claro na semifinal, contra o Red Bull Bragantino. Ele cercou o goleiro, o que ajudou no erro que provocou o empate do Água Santa. O time depois venceria nos pênaltis.

Bruno Ferreira Mombro Rosa ganhou o apelido Mezenga, o que o faz ter o mesmo nome do personagem da novela “Rei do Gado”, quando estava no futsal. Como o treinador gostava da trama e havia três jogadores chamados Bruno na equipe, o artilheiro recebeu a alcunha do protagonista interpretado por Antônio Fagundes.

A oscilação de Endrick era o temor que Abel Ferreira tinha e o que lhe impedia de dar ao garoto um lugar entre os titulares tão cedo. A avaliação era que seria normal um atacante tão jovem não manter a consistência em campo. A seca de gols fez com que a promessa palmeirense parasse de prestar atenção no que os outros dizem sobre o seu desempenho.

Vale apenas o que pensa o seu treinador.

“Ninguém tem de ter dó de mim ou ficar passando a mão na minha cabeça. O Abel tem uma filha da minha idade, então sabe quando estou triste e chateado”, disse Endrick.

É uma lição que Bruno Mezenga também aprendeu aos 16, quando não teve sequência no elenco principal do Flamengo e começou a ser emprestado. Isso até cruzar o caminho de Endrick e do Palmeiras na final do Paulista.

ESCALAÇÕES

O Palmeiras poupou alguns titulares na partida contra o Bolívar, na quarta-feira (5), pela Libertadores, incluindo o jovem Endrick, que deve voltar aos 11 iniciais.

Os desfalques devem ser Mayke, Piquerez, Atuesta e Bruno Tabata, todos no departamento médico.

Uma possível escalação inicial do técnico Abel Ferreira tem: Weverton; Marcos Rocha, Gustavo Gómez, Murilo e Vanderlan; Zé Rafael, Gabriel Menino e Raphael Veiga; Rony, Dudu e Endrick.

Do outro lado, o Água Santa será desfalcado pelo zagueiro Rodrigo Sam, que cumpre suspensão após ter sido expulso na semifinal contra o Red Bull Bragantino.

Uma possível formação do técnico Thiago Carpini tem: Ygor Vinhas; Reginaldo, Didi, Marcondes e Gabriel Inocêncio; Thiaguinho, Igor Henrique e Luan Dias; Lucas Tocantins, Bruno Xavier (Júnior Todinho) e Bruno Mezenga.

Estádio: Allianz Parque, em São Paulo (SP)

Data: Às 16h (de Brasília) deste domingo (9)

Árbitro: Raphael Claus

VAR: Márcio Henrique de Góis

Transmissão: Record, Premiere, YouTube e HBO Max

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