Brasil

“Concentrado de estanho” do Grupo Gerald comprado no Brasil revelou ser areia

Por Pratima Desai

LONDRES (Reuters) – A Gerald Group, uma das maiores comerciantes de metais do mundo, comprou cargas no Brasil que deveriam conter pelo menos 1.250 toneladas métricas de concentrado de estanho, mas que revelaram ser areia, disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto.

As fontes disseram que a companhia despachou pelo menos 50 contêineres de areia para fundições na Ásia nas últimas semanas.

A Gerald está investigando o que aconteceu com os carregamentos em questão no Brasil, acrescentaram as fontes, pedindo para não serem identificadas porque não estão autorizadas a falar com a mídia.

A Reuters não conseguiu estabelecer de onde a empresa, com sede em Londres, comprou o carregamento no Brasil ou de quais fornecedores.

A Gerald não respondeu a três pedidos de comentários enviados por email na semana passada e não respondeu a repetidas ligações da Reuters.

A comerciante fornece concentrado de estanho para a fundição tailandesa Thaisarco, que não precifica nem paga pelo material até que ele chegue e seja autenticado.

As fontes não souberam dizer exatamente quanta areia foi enviada do Brasil para a Thaisarco.

“Temos acordos de confidencialidade e um relacionamento de longo prazo com a Gerald”, disse o diretor administrativo da Thaisarco, Andrew Davies, em resposta a um pedido de comentário. “Não podemos divulgar nenhum detalhe de nosso relacionamento.”

Cinquenta contêineres conteriam 1.250 toneladas métricas de concentrado de estanho, que renderiam 875 toneladas de metal. A preços atuais na Bolsa de Metais de Londres (LME), 875 toneladas de estanho seriam avaliadas em cerca de 24 milhões de dólares.

Os documentos que acompanham os embarques de metais devem incluir notas de embarque, que especifiquem o tipo, qualidade e destino das mercadorias transportadas, bem como certificados de origem e de análise de conteúdo.

As fontes disseram que não poderiam especificar que tipo de documentos foram anexados às cargas em questão.

O Brasil foi responsável por 18 mil toneladas, ou 6%, da produção global de estanho do ano passado de 310 mil toneladas, mostram dados do US Geological Survey.

O concentrado de estanho brasileiro normalmente contém cerca de 70% de metal. Com variações regionais, o concentrado de estanho também contém subprodutos ou impurezas como ferro, antimônio, bismuto, chumbo e prata.

(Reportagem de Pratima Desai)

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