Brasil

Sem Bolsonaro na disputa, Michelle pode representar clã em 2026

Por Gabriel Stargardter

RIO DE JANEIRO (Reuters) – As esperanças do ex-presidente Jair Bolsonaro de recuperar o cargo em 2026 podem ter sido quase extintas, mas isso não significa que não haverá um, ou uma, Bolsonaro concorrendo à Presidência na próxima eleição.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Bolsonaro inelegível por oito anos, nesta sexta-feira, por espalhar alegações infundadas sobre o sistema de votação do país em encontro com embaixadores no Palácio da Alvorada antes das eleições do ano passado.

A decisão representa um revés devastador para o político de 68 anos, que até recentemente era o homem mais poderoso do Brasil.

Mas pode não significar o fim do clã Bolsonaro.

Em entrevista na quinta-feira logo após desembarcar no Rio de Janeiro, onde foi recebido com gritos de “golpista”, Bolsonaro apoiou sua esposa Michelle para 2026.

“Lógico que apoio uma candidatura de Michelle. Se eu estiver fora do jogo político, serei um bom cabo eleitoral”, disse.

Bolsonaro, que também enfrenta uma série de investigações criminais que podem levá-lo até mesmo à prisão, é acusado de fomentar um movimento de negação das eleições após sua derrota na eleição do ano passado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sem ele na disputa, membros de sua família podem tentar ocupar o espaço.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pode ter dificuldade para obter apoio político para uma tentativa à Presidência, com muitos dos ex-aliados de seu marido já depositando as esperanças para 2026 em outros nomes, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Mas a atuação dela aumentou durante a campanha de 2022, quando se tornou uma figura cada vez mais presente nos eventos de Bolsonaro enquanto ele buscava atrair o eleitorado feminino. Ela ingressou no PL no ano passado e agora é líder do movimento de mulheres da legenda.

Michelle não descarta a possibilidade de concorrer a algum cargo.

“Se, no meio do caminho, o meu coração arder, eu posso até vir a ser candidata a um cargo do Legislativo”, disse ela em maio.

Como cerca de um terço dos 200 milhões de brasileiros, Michelle, de 41 anos, é uma cristã evangélica. Os evangélicos são grandes defensores dos valores familiares conservadores pregados por Bolsonaro e continuam cautelosos em relação a Lula.

William Douglas, um juiz federal evangélico que estava entre os nomes cogitados para a escolha de Bolsonaro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal em 2021, disse que Michelle tem apelo entre alguns eleitores.

“Certamente uma parcela das mulheres evangélicas irá se identificar com ela, mas acredito que terá mais sucesso entre eleitoras do ex-presidente”, afirmou.

E ela não é a única Bolsonaro com chance na disputa pelo cargo mais alto do país. Dois dos filhos de Bolsonaro de um casamento anterior são congressistas. Eles podem alimentar suas próprias ambições presidenciais, embora nenhum deles tenha anunciado uma eventual candidatura.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de 42 anos, foi atuante nos bastidores em Brasília durante os quatro anos de mandato de seu pai. Ele, no entanto, continua manchado por acusações de corrupção, que ele nega, relativas à sua época como parlamentar estadual no Rio de Janeiro.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), 38 anos, desempenhou o papel de emissário estrangeiro da família Bolsonaro, aparecendo em feiras de armas nos Estados Unidos e conferências políticas conservadoras, onde conviveu com representantes da direita como Steve Bannon.

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