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Vulcão inativo, inspiração em Cruyff e laranjais: descubra curiosidades sobre o Nova Iguaçu, finalista do Carioca

A trajetória do Nova Iguaçu, um dos finalistas do Campeonato Carioca, chama a atenção não só pelos resultados, mas também por toda a história e contexto por trás do desempenho do clube. O time da Baixada Fluminense é sediado na maior cidade de extensão territorial da região, que abriga também um vulcão inativo e trechos de preservação de Mata Atlântica. A Laranja Mecânica tenta, neste sábado, quebrar um tabu que existe há 57 anos, quando o Bangu foi o último a conquistar o Estadual fora os quatro grandes.

O escudo do Nova Iguaçu foi montado baseado nas características da cidade e ambições do clube. Por isso, foi estampada uma laranja no fundo da logo, pois nos anos de 1930, a cidade se tornou a maior produtora da fruta no mundo. Durante o período da Primeira República no Brasil (1889 – 1930), especialmente no Rio de Janeiro, a citricultura ganhou força devido ao solo e clima. O doutor em História Glauco José detalhou o período para o Extra.

— Houve um estímulo oficial do governo para a diversificação da economia e a região de Nova Iguaçu, em razão do seu solo fértil e do clima favorável, se destacou com a citricultura […] A laranja brotou na mesa dos brasileiros e estrangeiros. Assim, Nova Iguaçu passou a ser associada à laranja e naquela época, inclusive, o presidente Getúlio Vargas foi pessoalmente à região — explicou ele.

Ainda no escudo, é estampado o ano de 1990. De acordo com o site oficial do Nova Iguaçu, o time foi fundado em 1 de abril daquele ano, a partir da iniciativa de 25 profissionais liberais e idealizado pelo diretor presidente Jânio Moraes — que foi homenageado com nome do estádio. No entanto, segundo o Glauco José, por volta de 1920, é possível encontrar a existência de um clube chamado Sport Club Iguassu, um dos precursores do atual finalista do Campeonato Carioca.

Presença ilustre no brasão, a pantera com asas representa a garra da equipe. A escolha do mascote está associada à força de vontade do povo que vive na Baixada Fluminense. Além disso, adotaram a cor laranja para seus uniformes em alusão ao título de Terra da Laranja recebido pelo município. Por isso, foram também apelidados de Laranja Mecânica, em referência a seleção da Holanda que disputou a Copa do Mundo de 1974, liderada por Johan Cruyff. Já a cor preta que também estampa os uniformes faz referência ao mascote da equipe.

Cidade de Nova Iguaçu: fundação e história

Na Baixada Fluminense, a cidade é considerada a maior em extensão territorial e segunda em população, com quase 800 mil habitantes, atrás apenas de Duque de Caxias. O Município de Iguassú foi criado no dia 15 de janeiro de 1833, com a sede instalada às margens do Rio Iguassú, que deu origem ao nome do local. Antes considerado vila, até que se tornou um ponto de parada crucial para os tropeiros — condutores de tropas — que passavam pela área desde o século XVIII.

O município teve seu crescimento impulsionado durante o Ciclo do Café, por volta de 1822, quando foi aberta a Estrada Real do Comércio, que facilitou o escoamento da produção de cana-de-açúcar e café das serras para os portos de Iguassú. O aumento significativo no movimento comercial foi tão marcante que resultou na elevação de seu status de vilarejo para município.

A inauguração da Estrada de Ferro Dom Pedro II, em 1858, deu início ao desenvolvimento do Arraial de Maxambomba, que influenciou na transferência da sede para um novo centro econômico. Em 1916, Maxambomba passa a se chamar Nova Iguassú.

Com a citricultura sendo a maior renda ecônomica da região, pomares se estendiam pelas estradas de Madureira, Cabuçu, Marapicu, alcançando também Itaguaí. Na época, Nova Iguaçu ficou conhecida como “Cidade Perfume” por causa do cheiro das frutas. O cultivo entrou em decadência devido a explosão demográfica da Baixada Fluminense e do Rio de Janeiro, que originou alto índice de desmatamento e urbanização.

Na década de 40, a cidade começou seu processo de emancipação, quando Duque de Caxias, Nilópolis e São João de Meriti se tornaram independentes. Nos anos 90, foi a vez de Belford Roxo, Queimados, Japeri e Mesquita se separarem.

Vulcão inativo

A cidade também abriga um vulcão inativo no Maciço do Medanha, uma serra que corta boa parte da Baixada Fluminense. Segundo o historiador Glauco José, estima-se que ele tenha mais de 60 milhões de anos e, apesar de alguns boatos na internet, não está em atividade.

— O Serra do Vulcão atrai montanhistas e tem uma semelhança geográfica ao monte Fuji, no Japão, o que mostra que a Baixada Fluminense ainda tem muitas belezas naturais e pode ser um local interessante para turistas — acrescentou ele ao Extra.

No morro, é possível realizar diversas trilhas e também há uma pista para saltos de voo livre.

Trecho de Mata Atlântica preservado

A cidade de Nova Iguaçu é uma das referências no Rio de Janeiro no quesito preservação ambiental. É estimado que a Reserva Biológica do Tinguá (Rebio Tinguá) tenha cerca de 70% do seu território composto por áreas de proteção, sendo a maior parte vegetação original da Mata Atlântica. Glauco explica como esse trecho ainda é um dos poucos do país com o bioma.

— Isso se deve, além dos esforços atuais do poder público, a um processo de exploração colonial no qual a região se destacou por estradas para escoar mercadorias direcionadas à Baía de Guanabara. Somente no século XX, com o boom da laranja, houve um impacto humano em grande escala, mas por pouco tempo — descreveu ele.

A sede da Rebio Tinguá fica a apenas 27 quilômetros do movimentado Centro de Nova Iguaçu. O Tinguá mantém populações de mamíferos maiores que as demais unidades de conservação fluminenses. A Rebio se estende por 26.260 hectares espalhados por Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Petrópolis, Miguel Pereira, Queimados e Japeri.

O Nova Iguaçu enfrenta o Flamengo pela primeira partida da final do Campeonato Carioca neste sábado. Os times vão a campo no gramado do Maracanã a partir de 17h.

*Estagiário sob supervisão de Thales Machado

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