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Guardiola, Arteta, Klopp: última rodada da Premier League terá embate indireto de mentes e despedida de um gigante

A Premier League, mais rica e disputada liga nacional do mundo, está prestes a ter confirmada a sua maior hegemonia: o Manchester City está a uma vitória, contra o West Ham, em casa, no Etihad Stadium — todos os jogos da rodada são hoje, às 12h — de conquistar o tetracampeonato consecutivo e inédito. Desde que o Inglês começou a ser disputado, em 1888/89, nenhuma equipe emplacou quatro títulos seguidos. Pep Guardiola e seus comandados estão diante da História, após assombrarem o país em mais um ano. Que o diga Mikel Arteta, que concorre pela segunda vez seguida com o Arsenal, e Jürgen Klopp, que faz sua despedida do Liverpool no domingão.

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Guardiola parece ser o mais próximo amigo da perfeição quando se trata de cenários domésticos. Das 14 temporadas de ligas nacionais que disputou na carreira — por Barcelona, Bayern de Munique e City —, foi campeão em 11. Em todas, terminou dentro do top 3. Na Inglaterra, onde está desde 2016/17, levou cinco dos últimos seis troféus.

Uma breve abordagem de números dá conta do tamanho de Guardiola na História do futebol mundial. Seus citizens normalizaram o absurdo. Mais uma vez, têm a chance de sair com o título esticando a corda ao máximo. Em caso de vitória, serão campeões com 91 pontos. É necessário ponderar que o clube está envolvido em escândalos fiscais ainda mal esclarecidos, o que afeta a credibilidade da liga, mas não é só o dinheiro que explica o sucesso no campo.

Há clubes que gastam mais em contratações, como Manchester United e Chelsea, e que passam longe das primeiras posições. Gestão e mentalidade guiam Guardiola. Os novos jogadores chegam e precisam se adaptar à cultura de um jogo minucioso e intenso. Que dá resultado. Em 2024, o City não perdeu sequer um jogo. A queda na Liga dos Campeões, para o Real Madrid, veio após dois empates e um insucesso na disputa de pênaltis.

Mestre x aprendiz

Ainda assim, a Premier League chegou à última rodada com o título em aberto. O que se explica por outro efeito causado por Guardiola: seus vários aprendizes que saem para fazer trabalhos solo e replicam muitas de suas ideias. Com dois pontos a menos — 88 a 86 —, está o Arsenal de Arteta. O espanhol de 42 anos foi auxiliar de Pep por três temporadas até ir para o norte de Londres, em 2019.

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Hoje, comanda uma equipe jovem e que amadurece a passos largos junto de seu líder. As críticas por uma suposta “pipocada” na temporada passada são injustas quando se trata de disputar um título com o City. Com apenas cinco pontos a menos — 89 a 84 —, o Arsenal foi vice. Para 2023/24, o grupo pareceu não se abalar e voltou ainda melhor. As ideias de Arteta nunca deixaram de estar ali.

O desafio deste domingo é contra o Everton, também em casa, no Emirates Stadium. O grande clichê diz que tudo é possível no futebol, mas o mais provável é o vice-campeonato dos gunners. Nada, porém, que invalide mais uma campanha de alto nível e que levaria o caneco em muitas outras ligas.

Da dúvida à crença

Exatamente o mesmo se deu quando o Liverpool foi derrotado pelo City, ao fazer 92 pontos, em 2021/22, e os absurdos 97, em 2018/19. O legado de Klopp em quase nove anos no norte da Inglaterra seria muito mais vitorioso se ele não tivesse se tornado a fórmula de antagonismo a Guardiola, conceito que ofusca seu verdadeiro tamanho. Os dois títulos perdidos pelo espanhol foram em 2016/17, para o Leicester, e o inesquecível 2019/20 para o Liverpool.

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Era 17 de outubro de 2015, e o alemão fazia seu primeiro jogo pelo Liverpool, pouco mais de uma semana após ser anunciado. Um 0 a 0 com o Tottenham foi o pontapé de um processo que o colocou no panteão de treinadores dos Reds, que só tiveram 20 ao longo de 131 anos de existência. Ele pegou um gigante adormecido e o devolveu ao status de potência do futebol europeu, idolatrado por uma cidade após quebrar um jejum de 30 anos na liga nacional.

A despedida é hoje, contra o Wolverhampton, em casa, e apenas permite homenagens. Mesmo que a temporada passada tenha sido um desastre e a última esteja terminando com um ambiente conturbado, a equipe brigou pelo título de uma forma surpreendente. Tem 79 pontos e terminará no 3º lugar. Seu sucessor, o holandês Arne Slot, encontrará um Liverpool que, como Klopp sempre disse, foi de “doubter to believer” (de quem duvida a quem crê).