Esporte

Lateral brasileiro investe em cursos e imóveis na Inglaterra

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Treino, fisioterapia, viagem a Londres e nova sessão fisioterápica. Foi essa a rotina diária do lateral-esquerdo Bernardo, do Brighton (ING), nas últimas seis semanas, tempo que levou para se recuperar de uma lesão no joelho esquerdo.
No último sábado (30), o brasileiro esteve à disposição do técnico Graham Potter para o jogo contra o Liverpool (ING), mas acabou cortado da lista de relacionados horas antes da partida –que terminou com vitória do time de Jürgen Klopp por 2 a 1.
Agora, o lateral de 24 anos espera ganhar uma oportunidade nesta quinta-feira (5), quando o Brighton visita o Arsenal (ING), no Emirates Stadium, às 17h15 (de Brasília), com transmissão da ESPN Brasil.
“Desde que me machuquei a rotina tem sido bem corrida. Foi um choque besta no treino com o Montoya (lateral-direito espanhol), joelho com joelho, e acabei tendo que fazer uma cirurgia. Na última semana fiz um jogo com o sub 23 e já estou apto a jogar. Agora depende do treinador”, diz Bernardo, por telefone, à reportagem.
Após um processo desgastante de recuperação, o lateral tem aproveitado o tempo livre para descansar, jogar videogame e passear com o cachorro pela cidade de Brighton, que fica a cerca de 80 km de Londres.
Uma programação bem diferente da que teve quando, por exemplo, iniciou um curso de oito semanas na London School of Economics sobre investimentos no mercado imobiliário.
Com imóveis em São Paulo, no Rio de Janeiro e agora um em Londres, Bernardo, cujo perfil foge bastante do boleiro médio, já se planeja para quando for pendurar as chuteiras.
“O jogador é refém do seu corpo e ninguém sabe o que pode acontecer”, diz.
“Quando acaba o treino, você tem muito tempo de sobra e eu queria fazer alguma coisa com esse tempo. Queria aprender chinês, mas esse projeto vai demorar, então preferi fazer o curso. Eu confio nas pessoas que me auxiliam financeiramente, mas eu gostaria de adquirir esse conhecimento para tomar essas posições.”
No início de carreira, quando passou pela Ponte Preta, Bernardo chegou a fazer um semestre de jornalismo na PUC-Campinas. Na época, ainda não sabia se a trajetória no futebol profissional daria certo, então iniciou os estudos.
Filho do volante Bernardo, que fez sucesso no São Paulo e no Corinthians entre as décadas de 1980 e 1990, o lateral diz ter sido incentivado pelo pai a estudar. Mas foi a mãe, Irene, quem mais cobrou dedicação dele com relação à formação fora do futebol.
“Ela sempre esteve em cima, sempre enchendo o saco no bom sentido para continuar estudando. O estudo foi sempre meu plano B, não sabia se o plano A ia dar certo, que era jogar futebol. Tem caras que jogaram comigo na base, até mais talentosos que eu, e que apostaram tudo no futebol, mas no fim das contas não estudaram e não jogaram, e agora estão tendo que correr atrás”, conta.
Além da vontade de buscar uma formação acadêmica, o jogador também busca o domínio de diferentes idiomas. Aprendeu alemão nas passagens por Red Bull Salzburg, da Áustria, e RB Leipzig, da Alemanha. E o inglês, que já aprendera no Brasil e é a língua oficial dentro de casa (sua namorada é austríaca), tem sido reforçado com a experiência no Brighton, onde ele se diz totalmente adaptado.
Formado como volante e zagueiro, o brasileiro tem características mais defensivas. Por ter esse perfil, diz o zagueiro, o choque cultural com relação ao jogo no futebol inglês não foi tão grande. “Você está sempre aprendendo. Mas aqui eu talvez tenha aprendido a administrar melhor o jogo, atacar no momento certo”, analisa.
Contratado em julho de 2018 pelo clube, Bernardo tem 29 partidas pela equipe do litoral britânico. Na atual temporada, por conta da lesão, disputou somente dois jogos na Premier League.
Com o sonho de defender a seleção brasileira, o lateral reconhece que a concorrência na posição (que tem nomes como Marcelo, Filipe Luís, Alex Sandro e Alex Telles) é grande.
“Todo jogador quer defender seu país, comigo não é diferente. E a seleção brasileira é a mais disputada, a mais difícil do mundo de ser convocada. Eu preciso primeiro ter uma sequência aqui no Brighton, fazer meu trabalho bem feito para depois pensar de forma realista nisso”, completa.

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