Cotidiano

Prefeitura de SP avalia liberar ocupação de calçadas por restaurantes após reabertura

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Prefeitura de São Paulo avalia permitir que restaurantes e bares façam uso de calçadas e vias públicas com mesas e ombrelones depois que a reabertura desses estabelecimentos for autorizada.
A ideia, em estudo, é que o piloto do projeto Ocupa Rua seja aplicado ainda na primeira quinzena de julho no centro da cidade, na região da praça República, que inclui as ruas Major Sertório, General Jardim, Bento Freitas, José Paulo Mantovan e Araújo. Neste primeiro momento, integram a ação cerca de 30 estabelecimentos, como os restaurantes Casa do Porco e Z Deli. O investimento virá do setor privado.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando Chucre, há dois meses a prefeitura faz estudos para viabilizar a ocupação de espaços externos, sinalizando o que outras capitais do mundo já fazem, como Paris. Ao mesmo tempo, uma série de empresários e associações procuraram a prefeitura para propor novas formas de utilização de espaços públicos na cidade.
Chucre diz acreditar que este tenha sido um caminho para viabilizar a retomada do funcionamento de restaurantes tanto do ponto de vista econômico quanto de saúde pública.
O Ocupa Rua foi desenhado pelo escritório de arquitetura Metro. “Sugerimos o centro da cidade para o piloto por ser uma região que abriga bares e restaurantes novos e antigos, além das pessoas serem mais abertas a receber mudanças”, explica o arquiteto Gustavo Cedroni.
No momento, estão sendo levantados detalhes como plataformas móveis que serão utilizadas para ajudar a dar estabilidade a mesas colocadas nas ruas, que têm inclinação. Além disso, há discussões para que seja aprovada uma redução do valor do TPU (Termo de Permissão de Uso), taxa de permissão para estabelecimentos usarem mesas e cadeiras nas calçadas.
A chef Janaína Rueda, da Casa do Porco e do Bar da Dona Onça, participou das conversas com prefeitura e defende o atendimento nas ruas sobretudo com a pandemia do novo coronavírus. “Fazer o serviço dentro do restaurante é mais arriscado do que fora. Nós precisamos da área externa”, diz.
Para funcionar, afirma ela, o projeto precisa de parceria entre restaurantes, prefeitura e vigilância sanitária, pois requer “uma nova cultura para espaços públicos”, o que exige diálogo constante acerca do que funciona ou não.
Chucre não tem previsão para expandir o plano a outras partes da cidade, já que o andamento depende dos resultados do piloto, dos dados da saúde e da demanda.
A Prefeitura deve anunciar nesta sexta (3) se restaurantes, bares e cafés poderão voltar à funcionar na próxima segunda (6).
Desde março, quando o fechamento desses estabelecimentos foi decretado para conter o avanço do coronavírus, as casas operaram apenas por delivery. Com a queda da receita, a Abrasel (Associação de Bares e Restaurantes), estima que 40% dos bares e restaurantes do estado de São Paulo podem fechar em definitivo antes do fim da crise.
A retomada para o setor prevê regras rígidas para os estabelecimentos, como funcionamento limitado a seis horas e no máximo até as 17h, além da ocupação reduzida no salão -já que as mesas precisam manter distância maior entre si.
A estratégia é necessária porque os clientes não conseguem comer ou beber usando máscaras. Porém, com a redução da lotação, o faturamento pode ficar comprometido a ponto de inviabilizar seu funcionamento. O problema se agrava porque, nos últimos anos, restaurantes têm encolhido seu espaço de salão devido a custos como aluguel.
“Quanto menor o espaço, menos gastos o restaurante vai ter não apenas com aluguel, mas com funcionários, manutenção e outras demandas”, diz o arquiteto Herbert Holdefer, do 134 office, especializado em projetos de restaurantes.
Ao ocupar espaços externos, os restaurantes conseguiriam recompor parte dessa receita. “Se eu cresço a capacidade do restaurante de servir, também aumento a possibilidade de receita. Se ele não está pagando adicional por isso, pode ajudar”, diz Gilberto Sarfati, Coordenador do Mestrado Profissional em Gestão e Competitividade da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Além da preocupação econômica, há, ainda, uma discussão sobre ocupação da cidade. À frente da ANR (Associação Nacional dos Restaurantes), Cristiano Melles afirma que apoia o projeto. “Entendemos que a ocupação de rua é necessária, de repente é um movimento das ruas serem ocupadas por nós. Seria um bom momento para humanizar a cidade”, diz.
“A prefeitura precisaria entregar isso com a melhoria de calçadas, pensando que a rua não é só dos carros”, pondera Marcelo Barbosa, urbanista do Bacco Arquitetos. “E não só para mesa de bar, mas lixeira e pode melhorar até a iluminação, a cidade fica mais humana e interessante.”

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