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Incêndios florestais na Costa Oeste dos EUA matam ao menos 24 e forçam milhares a buscar abrigo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma série de incêndios florestais na Costa Oeste dos EUA matou ao menos 24 pessoas, causou a destruição de centenas de imóveis e forçou centenas de milhares de pessoas a deixarem suas casas.

Uma seca crônica e ventos fortes alimentam as queimadas que se espalham do estado de Washington, na fronteira com o Canadá, até a cidade californiana de San Diego, na divisa com o México. Mas ainda é impossível avaliar a verdadeira extensão da destruição.

Segundo as autoridades locais, a maior parte das mortes registradas desde a segunda-feira (7) ocorreu na Califórnia. Quatro pessoas morreram no Oregon, e um bebê de um ano morreu no estado de Washington.

O número de vítimas pode crescer à medida que as equipes de resgate avançam sobre as áreas destruídas pelo fogo. No Oregon, cerca de 500 mil pessoas, ou 10% da população do estado, foram orientadas a buscar abrigo, e outras centenas de milhares foram removidas em Washington e na Califórnia.

“Quero ser franca ao dizer que esperamos ver uma grande perda”, disse a governadora do Oregon, a democrata Kate Brown, em entrevista coletiva. “Esta pode ser a maior perda de vidas humanas e de propriedades devido a incêndios florestais na história do nosso estado.”

Os incêndios florestais avançam sobre estados da Costa Oeste dos EUA em meio a uma intensa onda de calor. Focos de chamas na região são comuns nesta época do ano devido ao clima seco, mas o fogo registrado até agora parece não ter precedentes —e o pico da temporada de incêndios ainda não chegou.

Cientistas acreditam que o aumento da intensidade dos incêndios está relacionado ao aquecimento global, que torna as temporadas de chuva e de seca mais extremas. No último final de semana, as temperaturas na parte oeste do vale de San Fernando, na Califórnia, chegaram a 49ºC.

Na Califórnia, uma série de 37 incêndios tornou-se oficialmente a maior da história do estado ao destruir uma área de 190 mil hectares. Em Washington, o governador Jay Inslee, também do Partido Democrata, afirmou que as chamas consumiram 200 mil hectares.

O Serviço Meteorológico Nacional alertou para a passagem de uma enorme nuvem de fumaça sobre Washington nesta sexta, comprometendo a qualidade do ar e aumentando o risco de problemas respiratórios.

É o estado do Oregon, no entanto, o mais atingido pelos cerca de cem incêndios que consomem a região. Nesta sexta, 3.000 bombeiros trabalham para combater mais de 35 focos de queimadas florestais —as autoridades afirmam que é necessário ao menos o dobro desse contingente para conter o fogo.

A área queimada chega a 365 mil hectares —equivalente a mais que o dobro da extensão territorial da cidade de São Paulo. Segundo o Escritório de Gestão de Emergência do Oregon, os dois maiores incêndios da região se juntaram, virando um só e ameaçando os subúrbios de Portland, cujo prefeito, o democrata Ted Wheeler, decretou estado de emergência.

Em Molalla, cidade ao sul de Portland, a polícia foi de casa em casa para convencer os moradores a evacuarem a área. “É muito difícil. Uma coisa é sair de casa, e outra é ser forçada a sair. Meus filhos cresceram aqui”, disse Denise Pentz. “Mas o mais importante é que estamos seguros.”

Ao menos quatro departamentos de polícia do estado alertaram para a circulação online de mensagens falsas. Alguns dos textos, que continham assinaturas também falsas de supostos agentes, culpavam antifascistas pelas queimadas.

Outros, com as mesmas características, apontavam membros do movimento neofascista de extrema direita Proud Boys (garotos orgulhosos) como responsáveis pelos incêndios.

Os rumores parecem ter começado na noite de quarta-feira (9), depois que o Departamento de Polícia de Portland alertou as pessoas no Twitter sobre o risco de manifestações causarem incêndios. Mas não há indícios de que ativistas tenham deliberadamente iniciado focos de fogo.

“Não estamos vendo nenhuma evidência de uma campanha de incêndios em massa com motivação política”, disse Joy Krawczyk, porta-voz do Departamento Florestal de Oregon.

No entanto, as autoridades suspeitam que alguns dos focos de incêndio possam ter origem criminosa. A polícia do Oregon investiga, por exemplo, as causas de um incêndio que matou ao menos duas pessoas e queimou mais de 600 casas.

“Temos bons motivos para crer que [esse incêndio] tem um elemento humano, então vamos promover uma investigação criminal até termos motivos para crer que foram outras [causas]”, disse Tighe O’Mara, chefe de polícia em Ashland.

Na Califórnia, o estado mais populoso dos EUA, os incêndios florestais queimaram um recorde de mais de 1,25 milhão de hectares neste ano –6 dos 20 maiores incêndios florestais da história do estado ocorreram em 2020.

Cerca de um terço dos desabrigados vieram do condado de Butte, ao norte de Sacramento, onde o incêndio florestal do Complexo Norte arrasou mais de 99.960 hectares e destruiu mais de 2.000 casas e construções. Os restos mortais de dez vítimas foram encontrados na área queimada, de acordo com um porta-voz do gabinete do xerife do condado.

No sábado (5), mais de 350 pessoas tiveram de ser resgatadas de helicóptero após um chá revelação envolvendo fogos de artifício provocar um incêndio próximo à cidade de Fresno.

Mais de cem anos de combate a incêndios pelas autoridades estaduais e federais dos EUA criaram um enorme acúmulo de árvores mortas e vegetação rasteira que, por sua vez, transformaram-se em combustível para os incêndios que naturalmente ocorrem na região há séculos.

Nas últimas décadas, os americanos construíram casas nessas áreas, normalmente usadas como sítios ou residências devido ao aumento dos preços em áreas metropolitanas como as de São Francisco (Califórnia), Portland (Oregon) e Seattle (Washington).

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