Agro

Tradings de grãos veem panorama positivo com China e estocagem

Por Karl Plume

CHICAGO (Reuters) – Comercializadoras globais de grãos veem um crescimento em seus principais negócios agora e no futuro, após anos de resultados desiguais, graças ao avanço das importações pela China e à formação de estoques por outros países durante a pandemia de coronavírus, disseram dois executivos do agronegócio à Reuters.

Grandes tradings agrícolas, incluindo Archer Daniels Midland e Cargill, estão bem posicionadas para se beneficiar do aperto nos estoques globais de grãos e do aumento na volatilidade dos preços, afirmaram os executivos durante o Reuters Events Commodity Trading Summit.

A mudança ocorre após anos com mercados de grãos sobreofertados e com preços deprimidos, que deixaram o agronegócio global lutando para ampliar seus retornos, e ressalta que países passaram a aumentar as compras como forma de tentar evitar interrupções às cadeias de fornecimento devido à Covid-19.

Recentemente, os preços dos grãos dispararam para máximas de vários anos em um rali atípico para o período de colheita, impulsionados pela firme demanda de importadores –especialmente a China, que enfrenta uma escassez de grãos para ração animal.

“A recuperação dos preços de fato cria alguma volatilidade, e volatilidade é ótimo para um negócio como a Cargill”, disse Joe Stone, vice-presidente-executivo responsável pela cadeia de oferta agrícola da Cargill.

“À medida que entramos em 2021 e começamos a ver mais recuperação na economia global, eu acho que vocês podem ficar bem otimistas com a demanda. Então, para os próximos dois, três, quatro anos, nós, como empresa, estamos bastante otimistas”, afirmou.

A China já adquiriu volumes recordes de milho dos Estados Unidos, e as compras de soja estão em ritmo recorde, enquanto aquisições de outros grandes importadores figuram bem à frente das registradas nos últimos anos, segundo o Departamento de Agricultura norte-americano (USDA, na sigla em inglês).

“A Covid realmente jogou luz sobre o quão frágeis e sensíveis algumas das nossas cadeias de oferta são”, disse Greg Morris, presidente de serviços agrícolas e dos negócios de oleaginosas da ADM.

“Você vê alguns países em transição do que chamamos de padrão de compras ‘just-in-time’ para um padrão de compras mais ‘just-in-case’. E você vê alguns países estocando e pensando nas suas reservas estratégicas”, acrescentou.

O ritmo recente de compras da China, abastecido por quebras de safras de milho no país e pela demanda inesperadamente firme por grãos para ração animal em momento em que o país reconstrói seu rebanho de porcos após a epidemia de peste suína africana (PSA), pegou muitos outros importadores de grãos de surpresa.

“A recuperação rápida deles do impacto negativo da PSA teve um impacto significativo nesse efeito ‘estilingue’ da demanda”, disse Morris. “Pelo que vemos hoje, as importações provavelmente farão parte do futuro.”

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