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Criminosos usam a internet para aplicar o golpe do falso empréstimo

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Criminosos usam a internet para aplicar o golpe do falso empréstimo Confira 10 dicas para se proteger Uma pesquisa feita pela Serasa revela que oito em cada dez brasileiros recorreram a empréstimos durante a pandemia de Covid-19. Segundo o levantamento, as tentativas de obter ajuda financeira se devem à crise econômica, ao aumento do desemprego e ao crescimento das despesas. Diante deste cenário, quadrilhas de estelionatários têm se aproveitado da situação para aplicar golpes envolvendo a concessão de crédito, especialmente na web.

O indicador de tentativas de fraude da Serasa Experian mostrou que o primeiro semestre de 2021 teve uma movimentação possivelmente fraudulenta a cada oito segundos. Foram 1,9 milhão de ataques ao longo dos seis primeiros meses do ano — um aumento de 15,6% em relação ao mesmo período de 2020 e o maior volume já registrado no semestre desde o início da apuração do índice, em 2011. Para ajudar o leitor a se proteger e evitar dor de cabeça, o EXTRA preparou dez dicas.

Os bancos e cartões lideraram as tentativas de fraudes, com 1,2 milhão de ocorrências, no primeiro semestre de 2021Segundo a Serasa, ao contrário do que se imaginava, os jovens até 25 anos foram os principais alvos das quadrilhas.

Duas modalidades de fraudes são as mais frequentes, segundo especialistas. A primeira é a que pede depósitos antecipados para a liberação do crédito. A segunda é para a obtenção de dados pessoais. Além disso, também tem sido frequente a clonagem de WhatsApp para usar as redes sociais da vítima e fazer pedidos de empréstimos em seu nome. Para não cair nessas ciladas, é preciso estar alerta, pois há muitos sites fraudulentos simulando páginas de bancos e financeiras.

A auxiliar administrativo Naiary Costa, de 22 anos, tentou pegar um empréstimo com uma instituição conveniada à empresa em que trabalhava, mas não tinha tempo suficiente de casa para isso. Como estava precisando do dinheiro, fez uma busca na internet e encontrou um site de simulação de crédito. Na verdade, o endereço eletrônico era falso. Os criminosos que administravam a página queriam usar seus dados pessoais. Na segunda tentativa de obter crédito, ela quase foi vítima de outra quadrilha, que utilizava o WhatsApp:

— Eles usavam o nome de uma financeira conhecida, mas pediram um valor antecipado para a validação do empréstimo. Foi quando eu desconfiei — conta ela.

Segundo a Serasa, 37% das pessoas que solicitaram crédito especial tiveram seus pedidos recusados por bancos e financeiras durante a pandemia. Cerca de 40% tiveram a recusa por falta de renda mensal ou baixa possibilidade de pagamento do empréstimo. Já 35% dos créditos recusados foram por inadimplência dos clientes.

A maioria dos que tiveram empréstimos recusados buscou alternativas digitais, como crédito em corretoras ou bancos digitais. Outros procuraram amigos ou parentes, e 28% desistiram.

Para ter noção da vulnerabilidade dos tomadores de empréstimo, basta fazer buscas na internet sobre “empréstimo para negativados”. Nesta busca, é possível encontrar diversos anúncios.

— Os fraudadores são criativos e se aproveitam de um momento de vulnerabilidades das vítimas. Os golpes são os mais variados. A busca pela facilidade pode significar risco de fraudes — alerta Arthur Farme D’Amoed, executivo do Grupo H, fintech do sistema financeiro.

Depoimento: ‘A minha sensação foi de total impotência’, diz Samara Sant’Ana, gerente de Recursos Humanos, de 41 anos

“Recebi uma mensagem para fazer a atualização de cadastro em uma clínica de estética da qual sou cliente, e meu WhatsApp foi clonado. A partir daí, meus contatos passaram a receber pedidos de empréstimos em meu nome. Duas pessoas caíram no golpe: uma delas depositou R$ 700; a outra depositou R$ 1.900. Postei nas o relato redes sociais e, mesmo assim, ainda vi pessoas caindo. Três pessoas me procuraram. A sensação é de total impotência, porque você não pode fazer nada.”

Um ano para regularização

A Caixa Econômica Federal, por exemplo, alerta que os golpistas anunciam em jornais, revistas, panfletos ou sites e até mesmo telefonam para as vítimas, oferecendo empréstimos em condições vantajosas no caso de dificuldades econômicas ou restrições de crédito. Em geral, eles solicitam que as pessoas façam depósitos em contas-correntes a título de comissão, taxa de crédito, Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ou seguro. Isso é apresentado como condição para a liberação do dinheiro. E a quantia é sacada assim que entra na conta administrada pelo criminoso.

A advogada Patrícia dos Santos, especializada em Direito do Consumidor, diz que em processos na Justiça algumas vítimas relatam que desconfiaram da oferta, mas que os criminosos simulavam o atendimento dos bancos.

— Dizem que até a musiquinha de espera para atendimento era a mesma utilizada pela instituição financeira.

Segundo ela, ao perceber que foi vítima de golpe, o consumidor deve registrar um boletim de ocorrência imediatamente e informar ao banco.

Foi o que fez o analista fiscal Alisson Azevedo, de 39 anos. Mas, depois que teve seus dados acessados por criminosos, ele levou quase um ano para regularizar sua situação.

— Fizeram dívidas em meu nome de R$ 6 mil, e até carro tentaram comprar usando meus dados — conta ele.

Saque-aniversário é uma isca

O aumento do interesse por empréstimos que antecipam o saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) despertou a também a atuação de grupos de fraudadores. Segundo dados da Caixa, já foram feitos mais de 5,4 milhões de operações dessa modalidade, num total de R$10,3 bilhões, até o último dia 17. Hoje,15 bancos estão cadastrados para oferecer a linha de crédito, mas na internet e em redes sociais, proliferam os anúncios que prometem facilitar a liberação do dinheiro.

O sistema tem atraído cada vez mais a atenção dos consumidores e tomadores de crédito por oferecer taxas de juros menores. O funcionamento é semelhante ao das linhas de antecipação de 13º salário, tradicionalmente oferecidas pelos bancos.

Na prática, o consumidor pode antecipar até três parcelas de saque e fazer um empréstimo dando como garantia de pagamento os valores que tem a receber pelo saque-aniversário. A instituição financeira debita os valores devidos nos anos seguintes, sempre na data de aniversário do cliente, diretamente na conta vinculada do FGTS.

Em um empréstimo pessoal, com taxa média mensal de 5,21%, cada parcela seria de R$ 151 por mês, o que corresponde a um custo de R$ 1.816 por ano. Em uma linha de antecipação de saque-aniversário, com juros mensais de 1,09%, o valor das prestações cairia para R$ 82, com um custo anual de R$ 987.

— A modalidade de antecipação de saque-aniversario existe e é uma linha de crédito regulamentada (pelo Banco Central). Por despertar grande interesse dos consumidores, também tem atraído golpistas que, geralmente, pedem depósitos para facilitar a liberação do fundo ou pegam os dados pessoais das vítimas para aplicar outros golpes — explica Arthur D’Amoed, executivo do Grupo H.

Veja dicas para não cair em golpes

  • Pesquise bem

Pesquisar a empresa ajuda a encontrar dados como endereço fixo e contato oficial, bem como fotos e comentários de clientes. Olhe também as redes sociais e sites que mostram a reputação, como Reclame Aqui, para ter certeza de que ela existe.

  • Simulação de crédito

Escolha os sites de confiança para realizar simulações. Cuidado ao fornecer dados pessoais. Alguns sites são criados para roubar as informações de consumidores e aplicar golpes. Ao escolher, confira o endereço eletrônico do site, neste caso, é importante que o início tenha as letras https (não apenas o http). Além de observar se tem o símbolo de um cadeado, pois indica que o site é, de fato, seguro.

  • Depósito antecipado é ilegal

Bancos e instituições financeiras legítimas não pedem depósito adiantado, já que essa ação é ilegal e não permitida pelo Banco Central. Caso seja pressionado para fazer isso, é um sinal de golpe. Nestes casos, os fraudadores costumam falar que houve um bloqueio e que é preciso fazer um pagamento para liberar o empréstimo, ou que trata-se de cobrança IOF. Não pague.

  • Nada de WhatsApp

Nestes casos, os criminosos entram em contato diretamente por telefone, oferecendo condições especiais de empréstimos. Ao longo da conversa, o fraudador já possui valores fechados para cada parcela e solicita o pagamento de taxas antecipadas para liberação do dinheiro na conta. Ao concordar com o empréstimo e realizar o pagamento, o consumidor é enganado e não consegue o estorno do seu dinheiro. Nunca forneça números de verificação para terceiros porque o dado possibilita a clonagem da conta da rede social, que criminosos usam para pedir empréstimos em nome das vítimas.

  • Cuidado nas redes sociais

Não ofereça seus dados por meio das redes sociais. Os fraudadores podem usar essas informações para atuar como se falassem em nome de uma empresa ou mesmo para aplicar outros golpes. Por isso, nada de informar endereço, telefone e documentos pessoais. O envio de documentos sempre é feito diretamente em sites oficiais e aplicativos da instituição financeira. Nunca por essas redes. Golpistas dizem que o crédito foi aprovado, que só é preciso assinar o contrato e enviar os documentos para concluir a transação.

  • Empréstimos não são pagos em conta de pessoas físicas

Caso você tenha tomado crédito, não pague as parcelas em contas bancárias de indivíduos. Nenhuma instituição financeira séria utiliza este tipo de conta.

  • Crédito para negativados

Muitos fraudadores utilizam esta isca para atrair vítimas mais vulneráveis. Em geral, quando empresas idôneas oferecem crédito para consumidores com restrições, as taxas de juros são mais altas pelo risco de inadimplência.

  • Falso empréstimo do saque-aniversário do FGTS

Os criminosos criam uma página com a falsa na internet e solicitam ao interessado que faça um

cadastro para o saque do benefício, onde solicitam dados pessoais das vítimas. Em seguida, eles pedem que o link seja compartilhado com seus contatos para finalizar a liberação do dinheiro. Não acesse a página, não forneça seus dados e não compartilhe com outras pessoas.

  • Como saber se a cobrança está correta e que não é um falso empréstimo?

A cobrança não é feita antes de o dinheiro do crédito cair na conta. Além disso, verifique o contrato indicando quais são os tributos, as tarifas e as taxas dos serviços da instituição financeira;

  • O que fazer

Agora, se caiu em um golpe o primeiro passo deve ser registrar um boletim de ocorrência (B.O.) relatando o que aconteceu. Para isso, junte provas (comprovante do depósito, prints da tela do site que ofereceu o empréstimo e de conversas no WhatsApp, em redes sociais ou por e-mail e outros). Assim, terá o resguardo dos seus dados pessoais e de futuras tentativas de fraudes. Notifique ao seu banco e registre o caso em órgãos de defesa do consumidor. Fonte: Extra Globo

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