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Eleitores dão “chute” em premiê britânico em eleição por cadeira no Parlamento

Por William James

LONDRES (Reuters) – Os conservadores do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, perderam um assento parlamentar que o partido dominou durante quase 200 anos nesta sexta-feira em uma votação que mostrou o desencanto do público com uma série de escândalos e aumentou a pressão de parlamentares rebeldes.

A derrota foi descrita pelo Partido Conservador como “um chute”, materializando os temores de alguns de que suas reputações e perspectivas eleitorais agora estejam prejudicadas por Johnson.

A candidata dos liberal-democratas de centro, Helen Morgan, conquistou a cadeira de North Shropshire com quase 6 mil votos de vantagem, revertendo uma maioria conservadora de 23 mil votos na eleição de 2019.

“Esta noite, o povo de North Shropshire falou em nome do povo britânico. Ele disse em alto e bom som ‘Boris Johnson, a festa acabou'”, disse Morgan em seu discurso de vitória.

“Seu governo baseado em mentiras e bravatas será responsabilizado. Ele será devassado, será contestado e pode e será derrotado.”

Os conservadores haviam vencido todas as eleições anteriores na área essencialmente rural do centro da Inglaterra desde que a zona eleitoral foi criada em sua forma atual em 1983. Parlamentares conservadores dominavam a região há quase dois séculos.

A guinada brusca acontece no momento em que Johnson, um ex-jornalista de 57 anos que conquistou uma maioria ampla em uma eleição de 2019 com a promessa de “concretizar o Brexit”, enfrenta críticas de várias frentes, inclusive por causa de relatos de que sua equipe realizou festas no Natal passado, quando o país estava em um lockdown para conter a disseminação da Covid-19.

“Os eleitores de North Shropshire estavam exaustos e nos deram um chute, acho que queriam mandar um recado”, disse o presidente conservador Oliver Dowden à rede Sky News. “Ouvimos em alto e bom som.”

Mas Dowden disse que Johnson ainda é um ativo da legenda e que liderará o partido na próxima eleição, agendada para 2024.

Pesquisas de opinião mostram os conservadores ficando atrás de seus rivais principais, o Partido Trabalhista, na esteira de revoltas com segundos empregos de parlamentares, críticas à maneira como Johnson financiou a reforma suntuosa de seu apartamento e uma disparada de casos de Covid-19.

“Isto tem de ser visto como um referendo sobre o desempenho do primeiro-ministro”, disse o parlamentar e correligionário Roger Gale, crítico de longa data de Johnson, à rede BBC. “O Partido Conservador tem a reputação de não fazer prisioneiros. Se o primeiro-ministro fracassa, o primeiro-ministro vai embora.”

(Por William James, Elizabeth Piper, Kate Holton, Andrew MacAskill, Michael Holden)

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