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Ainda usa talão de cheques? Em 2021, 218 milhões de cheques foram compensados

Preencher o valor a ser pago por extenso com a grafia correta, escrever o valor numérico, datar, dizer a cidade e assinar. Um trabalhão quase impensável para as novas gerações, que fazem pagamentos com um só clique, direto do celular. No entanto, ainda tem muita gente que mantém o hábito de passar um cheque. No ano passado, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 218,9 milhões de cheques foram compensados.

O número, ainda  alto, representa uma queda de  93,4% em relação ao ano de 1995, início da série histórica, quando foram compensados 3,3 bilhões de cheques. Em comparação a 2020 — ano de estreia do Pix —, a queda foi de 23,7%, com 287,1 milhões de cheques compensados.

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Por consequência, também houve redução no volume financeiro dos cheques, no número de documentos devolvidos e na quantidade de cheques sem fundos. Enquanto em 1995  o volume financeiro dos cheques compensados totalizou R$ 2 trilhões, o montante no ano passado foi de  R$ 667 bilhões — queda de 67,4%.

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Em 2021, o número de cheques devolvidos foi de 18,6 milhões, contra 63,5 milhões contabilizados no início da série histórica desta categoria (1996). Já os sem fundo passaram de 56,8 milhões em 1997 para 13,6 milhões no ano passado.

Doutor em finanças comportamentais e pró-reitor de pós-graduação do Ibmec RJ, Samuel Barros diz que comparar a década de 90 com os tempos atuais é a mesma coisa que tentar encontrar similaridades entre o Egito Antigo e a Coreia do Sul.

— São cenários excessivamente diferentes. Naquela época, não era tão comum o uso do cartão de crédito. Isso, por si só, já justifica a redução do uso de cheques. Acrescenta-se a possibilidade de usos de meios de pagamentos digitais — explica: — Um cheque não funciona, por exemplo, para fazer uma compra em um site.

O diretor adjunto de Serviços da Febraban, Walter Faria, também diz que, cada vez mais, o cliente bancário tem deixado de usar cheques e optado por canais digitais, como internet e mobile banking, que atualmente são responsáveis por 67% de todas as transações feitas no país. O pix, por exemplo, em 1 ano de existência, somou 7 bilhões de transações com R$ 4 trilhões de volume financeiro.

Barros pondera, porém, que o cheque ainda é usado — principalmente por consumidores mais velhos e por pequenas e médias empresas — por gerar um certo nível de segurança e por questões culturais:

— É um título de pagamento ao portador que pode ser contestado, e a sua não compensação gera declaração de dívida. Então, tem vantagens para quem emite e para quem recebe. Apesar disso, existe uma tendência de os lojistas pararem de aceitar essa modalidade de pagamento, já que eles não são obrigados.

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