Últimas Notícias

Centrão avança na Câmara, e PSD e Podemos crescem no Senado; veja as movimentações partidárias no Congresso

A criação das federações partidárias e a consolidação da fusão entre o DEM e o PSL provocarão mudanças na distribuição das forças políticas no Congresso. O quadro também será alterado com o início da janela partidária, em março, quando será permitido aos parlamentares trocarem de legenda sem o risco de perda do mandato.

Desde 2018, ano da eleição nacional mais recente, o partido que mais se expandiu na Câmara foi o PL, escolhido por Jair Bolsonaro para disputar a reeleição — dez deputados federais se filiaram. A movimentação levou a sigla à marca de 43 representantes na Casa, formando a terceira maior bancada, atrás de PSL (55 integrantes) e PT (53).

A segunda legenda mais beneficiada foi o PP, que recebeu cinco congressistas e hoje conta com 42. Como a legislação impõe limites aos deputados federais para as mudanças partidárias, essas trocas ocorreram devido a situações específicas. O PL, por exemplo, incorporou o PHS, que elegeu seis parlamentares em 2018. As trocas devem se intensificar com a janela partidária.

No Senado, o partido que mais cresceu foi o PSD, comandado por Gilberto Kassab. De 2018 para cá, cinco parlamentares foram incorporados à bancada. A sigla saiu de sete representantes para 12 e hoje tem a segunda maior bancada, atrás apenas do MDB (15 senadores) — um dos que o PSD atraiu foi o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (MG), que deixou o DEM. Outra sigla que cresceu foi o Podemos: pulou de cinco senadores para nove. info-bancada-senado-1301

Já PTB e PSB, que tinham, respectivamente, três e dois representantes, agora estão sem representatividade no Senado. Diferentemente da Câmara, os senadores são donos do mandato e podem mudar de sigla sem necessidade de abertura de janela partidária.

Na Câmara, a fusão entre DEM e PSL, que deve ser chancelada pela Justiça Eleitoral, pode levar o União Brasil a formar a maior bancada na Casa. No entanto, alguns parlamentares devem aproveitar o momento para deixar a futura legenda. Bolsonaristas do PSL devem migrar para o PL e partidos alinhados ao do presidente — o mesmo deve ser feito por aliados que estão no DEM hoje. Já quadros próximos ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido-RJ) também devem deixar a sigla. info-bancada-camara-1301

Com a ida de Bolsonaro para o PL, o partido espera crescer ainda mais em 2022. O líder da sigla na Câmara, Wellington Roberto (PB), calcula que a legenda deve receber cerca de 25 deputados na janela partidária, principalmente aliados de Bolsonaro. Isso fará com que a sigla mantenha a sua posição entre as maiores bancadas da Casa.

Federação pode dar fôlego

Caso PT e PSB avancem na negociação para se juntar em uma federação, também há a chance de que essa união possa representar a maior força da Casa. Há ainda outros cenários cogitados pelos partidos. PT, PCdoB, PSB, PV e PSOL poderiam, por exemplo, formar uma grande bancada. Neste caso, essas siglas teriam mais de cem deputados, ou quase um quinto das cadeiras na Câmara.

Essas negociações, porém, esbarram em dois obstáculos: o primeiro é a conciliação de interesses para 2024, ano de eleições municipais. A legislação obriga os partidos federados a atuarem juntos por quatro anos, ou seja, em dois pleitos. O segundo é a disputa pelo poder interno da nova organização partidária. Entre os deputados de esquerda, já há quem considere mais provável o PT ficar fora de uma federação. Neste caso, as siglas menores poderiam se unir.

Desde 2018, a distribuição das cadeiras mudou pouco. As legendas que mais encolheram na Câmara, por exemplo, foram PT, DEM e PDT. Essas siglas perderam, cada uma, apenas três deputados. Já os seis parlamentares eleitos por PMN, PTC e DC — siglas que não atingiram a cláusula de barreira — migraram para partidos como PL, Republicanos e Podemos, para que pudessem ter acesso aos fundos partidário e eleitoral.

Presidente do PSD, que passou de 34 para 35 deputados, Gilberto Kassab diz que, na próxima janela, deve atrair deputados federais ligados ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, e ao governador do Paraná, Ratinho Junior. Por outro lado, deve perder o bolsonarista Éder Mauro (PA).

— Acho que a bancada vai ficar com cerca de 50 deputados — projeta Kassab.

“Fator Aécio”

O PSDB, por sua vez, foi um dos partidos que perderam espaço no Senado ao longo dos últimos anos. Hoje com seis senadores, o partido ocupava oito cadeiras em 2018 e 11 em 2014. Segundo o líder tucano na Casa, Izalci Lucas (DF), a diminuição da bancada se deu pelos acontecimentos que envolveram a sigla no cenário nacional, como a derrota do deputado federal Aécio Neves (MG) na disputa presidencial de 2014 e as acusações de corrupção contra o mineiro.

— Isso tudo acaba comprometendo o tamanho da bancada — diz Izalci, que completa: — O PSDB sempre priorizou a candidatura aos governos estaduais e sempre lançou candidato a presidente. Se (o governador João) Doria vier como candidatura forte, a tendência é influenciar nas candidaturas ao Congresso.

To Top