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Na Bahia, refinaria privatizada eleva preços em até 35%

RIO – Pouco mais de três meses após ser comprada pelo fundo árabe Mubadala, a Refinaria Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, enfrenta hoje os dois lados de ter sido a primeira unidade a ser privatizada pela Petrobras. Desde janeiro, já conseguiu — sem a pressão do governo, como ocorre com a Petrobras —reajustar o preço da gasolina em 26,14%. Na estação de São Francisco do Conde, que é a principal da refinaria, o valor do litro (sem impostos) já subiu de R$ 3,267 para R$ 4,121.

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No caso do diesel, a mesma estação passou a vender o litro 35,19% mais caro: o preço subiu de R$ 3,427 para R$ 4,633. Como resultado, a refinaria já teria perdido cliente por causa dos aumentos, que são atrelados ao preço do barril do petróleo no exterior.

Segundo estimativas do Observatório Social da Petrobras (OSP), organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), a refinaria da Bahia já fez cinco reajustes entre janeiro e o início deste mês.

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Ao mesmo tempo, a Petrobras promoveu apenas um aumento neste ano, em 12 de janeiro. Na ocasião, a alta foi de cerca de 4,85% para a gasolina (para R$ 3,24) e de 8,08% para o diesel (para R$ 3,61). Enquanto o governo tenta encontrar uma solução para frear a alta dos combustíveis nas bombas, a estatal negocia com a União um novo reajuste. A estatal negocia com o governo novo reajuste em um pacote que deve incluir um subsídio por parte do governo.

Segundo fontes do setor, o aumento de preços da refinaria da Bahia vem causando insatisfação entre distribuidoras da Bahia e do Nordeste, que compram combustível da Refinaria de Mataripe. Por isso, há clientes dispostos a buscar combustível da estatal em estações mais distantes, apesar dos custos com frete.

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A unidade da Bahia reponde, sozinha, por 14% de toda a capacidade de refino do Brasil. Hoje, a utilização da capacidade da unidade varia entre 60% e 70%. A meta do Mubadala, através da Acelen, é elevar para perto de 100%. A unidade produz cerca de 300 mil barris por dia.

Um dos planos da companhia, diz uma fonte, é exportar parte da produção, o que ainda não é feito.

Para especialistas, a venda da unidade pela estatal mostra que a estrutura do mercado de refino no Brasil pode enfrentar problemas no processo de venda de outras refinarias. Segundo Carlos Moreira, da Uerj, ao repassar os preços internacionais, a companhia enfrenta preços desfasados da Petrobras, gerando insatisfação dos clientes.

De acordo com dados da Abicom, a associação de importadores de combustíveis, a defasagem da gasolina vendida no Brasil está em 30% em relação ao preço internacional. No caso do diesel, essa percentagem sobe para 40%.

— Isso pode atrasar todo o processo de venda de refinarias da Petrobras. A estatal já vendeu duas unidades menores, como a de Manaus e do Paraná. Mas vem encontrando dificuldades para se desfazer de unidades grandes e importantes como a Refap (no Rio Grande do Sul) e Rnest (em Pernambuco) — disse.  No Brasil: Quais são as opções do governo para frear a alta da gasolina? Entenda o que está em jogo

A venda da Rlam foi comemorada pela Petrobras ainda na gestão de Roberto Castello Branco e faz parte de um acordo da estatal com o Cade, órgão de defesa da concorrência, para reduzir seu poder de mercado. A Petrobras se comprometeu a vender metade de sua capacidade de refino, totalizando oito refinarias. Hoje negocia com o Cade a extensão do cronograma de vendas, já que o prazo original acabou.

— Desde o mês passado, a refinaria privatizada já tinha saído de um preço abaixo da média nacional para se tornar a refinaria com os preços mais altos do país. Nos últimos dias, o barril subiu e deve seguir em patamares mais elevados — disse Eric Gil Dantas, economista do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

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Em nota, a Acelen disse que “os preços dos produtos produzidos seguem critérios de mercado que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete”.

Nos últimos dias, o preço do barril de petróleo disparou, o que gerou impacto direto nos custos de produção, disse a empresa. “A Acelen reafirma sua aposta em uma política transparente, amparada por critérios técnicos, em consonância com as práticas internacionais de mercado”, disse.

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