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Hospitais de São Paulo têm alta de crianças internadas por problemas respiratórios

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um aviso no site do Sabará Hospital Infantil, na Consolação, na capital paulista, alerta os pais para a lotação no hospital e pronto-socorro. No momento, é priorizado o atendimento a crianças com quadros mais graves. Aos demais, não há como estimar o tempo de espera. O plano de contingência é necessário devido à alta de casos respiratórios.

Para o pediatra Felipe Lora, diretor-médico do Sabará, a situação não é nova. “Estamos vivendo o pico sazonal de todos os anos. Houve uma exceção, em 2020 e 2021, por causa da pandemia e do isolamento social. Desde março, estamos passando por algo muito parecido com o vivenciado em 2019 e 2018. São doenças respiratórias virais, das mais variadas causas”, explica Lora.

Segundo o especialista, o vírus que mais agride as crianças é o sincicial respiratório. Além dele, há o rinovírus, o parainfluenza 3, o bocavírus, o adenovírus e o metapneumovírus.

Nesta quinta (23), a taxa de ocupação na UTI chegou a 87,3%; na unidade de internação (quartos individuais, onde permanecem pacientes com quadros mais leves e que não requerem cuidados intensivos) o índice é de 97,1%. Por consequência, o pronto-socorro também lota, de acordo com o médico. Entre os dias 2 e 16 de junho, a UTI tinha 92% de ocupação e a unidade de internação, 92%.

Além de lavar bem as mãos e usar máscaras, o que é recomendável a partir de dois anos de idade, a orientação é evitar levar as crianças para a escola se estiverem doentes –qualquer sinal de febre ou sintoma mais importante que não seja alérgico ou habitual, especialmente respiratório, uma tosse com secreção, por exemplo.

“Para tranquilizar os pais, a informação que podemos dar é a de que vai reduzir nas próximas semanas. Tradicionalmente, o pico dessas doenças sazonais é de março a junho, e vem se comportando como nos anos pré-pandemia”, diz o médico.

No pronto-atendimento do Hospital Santa Catarina, na Bela Vista (região central), a situação é a mesma: o tempo de espera é imensurável devido à alta de casos respiratórios. O aviso também aparece em destaque no portal da instituição.

Nesta quinta, havia 54 pacientes pediátricos internados. Destes, 42 com diagnóstico de problemas respiratórios, sendo 17 na UTI e 25 nas unidades de internação –ocupação de 65% e 58%, respectivamente.

Nos dias 2 e 16 de junho, havia 33 e 28 hospitalizados pelo mesmo motivo, respectivamente.

No Hospital Santa Catarina, a prevalência dos atendimentos pediátricos envolve casos respiratórios, bronquiolite, Covid-19 e pneumonias. A instituição está com 43 leitos pediátricos nas unidades de internação e 26 na UTI.

A reportagem também pediu dados ao Hospital Sírio-Libanês, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.

Rede Pública No Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, referência no atendimento de crianças e adolescentes na cidade de São Paulo, a taxa de ocupação da UTI pediátrica nesta quinta era de 90%.

No total, a rede pública municipal possui 368 leitos de enfermaria pediátrica e 131 de UTI para este público. Nesta data, 347 estão ocupados na enfermaria (94%) e 111 (85%) nas UTIs.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, com a chegada do inverno é esperado aumento nos atendimentos e internações por doenças respiratórias, principalmente o vírus sincicial respiratório e a Covid-19.

Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde não informou os dados dos hospitais localizados na capital paulista. Em nota, a pasta afirmou que conta com cerca de 770 leitos pediátricos de enfermaria, com ocupação de 55,3%, e 400 de UTI, do mesmo tipo, com 49,6% de ocupação.

No dia 2 de junho, os leitos de UTI registravam 49,7% de ocupação e os de enfermaria 51,6%. Já em 16 de junho, a ocupação era de 48,9% na enfermaria e 46,2% na UTI.

SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE

A média móvel do total de crianças internadas (UTI e enfermaria) por dia em decorrência de alguma SRAG (síndrome respiratória aguda grave) também aumentou nos hospitais estaduais Darcy Vargas (Morumbi) e Infantil Cândido Fontoura (Mooca), e no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus (região central).

De acordo com dados da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, criada por pesquisadores da USP e da Unesp com apoio da Fapesp, entre os dias 1º e 26 de junho, a alta foi de 28,57% –a média móvel passou de 42 para 54 hospitalizados.

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