Brasil

Ministro da Defesa diz que Brasil respeita Carta Democrática Interamericana

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, afirmou nesta terça-feira que o Brasil respeita a Carta Democrática Interamericana e a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA), ambos documentos que defendem a democracia na região.

“Da parte do Brasil, manifesto o respeito à carta da Organização dos Estados Americanos, a OEA, e a Carta Democrática Americana, em seus valores, princípios e mecanismos”, discursou o ministro na abertura da Conferência de Ministros de Defesa das Américas (CMDA), que acontece nesta semana em Brasília.

Aprovada em 2001, a Carta Democrática afirma que os povos da região têm direito à democracia e seus governos a obrigação de “promovê-la e defendê-la”. O texto diz ainda que a democracia é essencial para o desenvolvimento social, político e econômico da região.

Em meio a ameaças à democracia feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, e suspeitas sobre o comportamento das Forças Armadas brasileiras no caso de Bolsonaro contestar o resultado da eleição presidencial deste ano, o ministro –que, dentro do Exército era considerado um moderado, mas tem defendido posições políticas próximas de Bolsonaro, incluindo questionamentos sobre as urnas eletrônicas– optou por reforçar o compromisso democrático frente aos ministros dos demais países das Américas, entre eles o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin.

Desde o ano passado, emissários norte-americanos têm feito chegar ao governo brasileiro seu incômodo com a retórica pouco democrática de Bolsonaro, sua crítica ao processo eleitoral brasileiro e suas ameaças veladas.

Recentemente, depois do encontro de embaixadores em que o presidente, mais uma vez, fez alegações falsas sobre a existência já desmentida de fraudes nas urnas eletrônicas, a embaixada dos EUA no Brasil soltou nota em que elogia o sistema eleitoral brasileiro, as urnas eletrônicas –classificadas como “modelo para o mundo”– e reafirma a confiança nas instituições do país.

A passagem de Austin pelo Brasil não deve ser diferente. O secretário de defesa deverá pedir, em sua participação na Conferência, aos militares da região que respeitem a democracia.

A fala não será específica para o Brasil, mas o recado será dado.

“Para a região como um todo, ele vai trazer uma mensagem muito forte e clara sobre a necessidade de os militares respeitarem as democracias”, disse um alto funcionário da Defesa dos Estados Unidos, falando sob condição de anonimato. A autoridade se recusou a “prejulgar” o que Austin poderia dizer, no entanto, a seus homólogos brasileiros.

O secretário norte-americano terá uma reunião bilateral com Nogueira na quarta-feira.

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