Economia

Dólar vai acima de R$5,20 em sessão volátil, mas caminha para queda mensal

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar firmava alta nesta sexta-feira, recuperando algum fôlego e indo acima de 5,20 reais depois de ter despencado mais de 6% nos últimos quatro pregões e revertido seus ganhos no acumulado do mês, em sessão que promete ser volátil devido à formação da Ptax do fim de julho.

Às 10:33 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,75%, a 5,2005 reais na venda, depois de mais cedo ter chegado a cair 0,31%, a 5,1455 reais.

Na B3, às 10:33 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,15%, a 5,1955 reais.

A moeda norte-americana trocou de sinal várias vezes durante a primeira hora de negociações, e especialistas alertavam para manutenção da instabilidade durante toda a manhã, devido à tradicional “briga” pela formação da Ptax –taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de derivativos.

No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.

As menores cotações do dólar nesta sexta-feira, por exemplo, refletiam a pressão de agentes vendidos na moeda, que apostam em sua queda, disse Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora. Mas houve “contragolpe” por parte dos comprados, afirmou o especialista, o que impulsionou a divisa norte-americana. “Dia de disputa da taxa Ptax é briga de cachorro grande.”

O dólar fechou a última sessão em 5,162 reais, menor valor para um encerramento desde 21 de junho (5,1533 reais), e teve baixa de 6,10% em quatro pregões, maior desvalorização para esse período de tempo desde novembro de 2020.

Essa baixa expressiva levou o dólar a devolver completamente os ganhos que acumulava no mês. Nos níveis desta sexta-feira, a moeda norte-americana caminhava para registrar queda mensal de 0,6%, ficando mais de 5% abaixo do maior patamar para encerramento de julho, de 5,4976 reais, atingido no dia 22.

O real tem sido beneficiado por uma série de fatores nos últimos dias, com destaque para a alta no preço de commodities importantes em meio a esperanças de adoção de mais estímulo econômico na China e a perspectiva crescente de desaceleração no ritmo de aperto monetário do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.

Dados mostrando que a economia dos EUA teve uma segunda contração trimestral consecutiva no período de abril a junho colaboraram para a visão de que o Fed será menos agressivo ao elevar seus juros, de forma a evitar que a economia caia numa recessão.

No entanto, uma leitura desta sexta-feira mostrou que a inflação norte-americana medida pelo índice de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) voltou a acelerar em junho, registrando o maior salto mensal desde setembro de 2005, o que pode voltar a levantar dúvidas sobre a trajetória futura do Fed. Num geral, quanto mais altos os custos dos empréstimos nos EUA, mais o dólar tende a se beneficiar.

“O ritmo das altas (de juros do Fed) pode até diminuir, mas não vemos como interromper o ciclo tão cedo”, o que deve continuar pressionando o real no curto prazo e colaborar para a volatilidade no mercado de câmbio doméstico, disse a RB Investimentos em relatório.

O quadro instável deve ser corroborado pelo processo das eleições presidenciais brasileiras, disse a instituição financeira, ressaltando que o “o pós-eleição deve contribuir para uma valorização do real, com o eventual vencedor amenizando falas da campanha, indicando um compromisso fiscal no próximo mandato”.

A RB tem como cenário base uma taxa de câmbio de 5 reais por dólar ao fim deste ano.

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