Asia

Pelosi elogia Taiwan e diz que fúria chinesa não pode impedir visitas de líderes internacionais

Por Yimou Lee e Sarah Wu

TAIPÉ (Reuters) – A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, deixou Taiwan nesta quarta-feira depois de ter prometido solidariedade e saudado a democracia da ilha, acrescentando que a raiva chinesa não pode impedir os líderes mundiais de viajar para a ilha autogovernada reivindicada por Pequim como parte de seu território.

A China demonstrou sua indignação com a visita de mais alto nível dos EUA à ilha em 25 anos com uma explosão de atividade militar nas águas circundantes, convocando o embaixador dos EUA em Pequim e interrompendo várias importações agrícolas de Taiwan.

Alguns dos exercícios militares planejados da China teriam ocorrido dentro do território aéreo e marítimo de 12 milhas náuticas de Taiwan, de acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan, um movimento sem precedentes que uma autoridade graduada de defesa descreveu a repórteres como “equivalente a um bloqueio marítimo e aéreo de Taiwan”.

Taiwan enviou jatos nesta quarta-feira para responder às 27 aeronaves chinesas em sua zona de defesa aérea, disse o Ministério da Defesa da ilha, acrescentando que 22 deles cruzaram a linha mediana que separa a ilha da China.

Pelosi chegou com uma delegação do Congresso dos EUA em sua visita não anunciada, desafiando as repetidas advertências da China, no que ela disse que mostra o compromisso inabalável dos EUA com a democracia de Taiwan.

“Nossa delegação veio a Taiwan para deixar inequivocamente claro que não abandonaremos Taiwan”, disse Pelosi à presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.

“Agora, mais do que nunca, a solidariedade da América com Taiwan é crucial, e essa é a mensagem que estamos trazendo aqui hoje”, afirmou ela durante sua visita de cerca de 19 horas.

Crítica de longa data da China, especialmente em direitos humanos, Pelosi se encontrou com um ex-ativista da Praça da Paz Celestial, um livreiro de Hong Kong que havia sido detido pela China e um ativista de Taiwan recentemente libertado pela China.

O último presidente da Câmara dos Deputados dos EUA a ir a Taiwan havia sido o republicano Newt Gingrich, em 1997. Mas a visita de Pelosi ocorre em meio à forte deterioração das relações sino-americanas e, durante o último quarto de século, a China emergiu como uma força econômica, militar e geopolítica muito mais poderosa.

A China considera Taiwan parte de seu território e nunca renunciou ao uso da força para colocar a ilha sob seu controle. Os Estados Unidos alertaram a China contra o uso da visita como pretexto para uma ação militar contra Taiwan.

“Infelizmente, Taiwan foi impedida de participar de reuniões globais, mais recentemente da Organização Mundial da Saúde, por causa de objeções do Partido Comunista Chinês”, disse Pelosi em comunicado divulgado após sua partida.

“Embora possam impedir Taiwan de enviar seus líderes a fóruns globais, não podem impedir que líderes mundiais ou qualquer pessoa viajem a Taiwan para homenagear sua democracia florescente, destacar seus muitos sucessos e reafirmar nosso compromisso com a colaboração contínua”, acrescentou.

Mais tarde, ela chegou à Coreia do Sul, de acordo com a mídia local.

Em retaliação pela visita, a Alfândega da China anunciou a suspensão das importações de frutas cítricas e carapau congelado de Taiwan, enquanto seu Ministério do Comércio proibiu a exportação de areia natural para Taiwan.

A fúria chinesa pelo desafio da democrata de 82 anos a Pequim era evidente em todas as mídias sociais chinesas, com um blogueiro reclamando: “essa velha diaba, ela realmente se atreve a vir!”

O Ministério das Relações Exteriores da China disse que a visita de Pelosi prejudica seriamente a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, “tem um impacto severo na base política das relações China-EUA e infringe seriamente a soberania e a integridade territorial da China”.

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