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É incrível a quantidade de pessoas mais interessantes que eu, disse Jô à Folha

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Jô Soares, que morreu nesta sexta-feira (5), disse ter sorte em ter conhecido pessoas muito mais interessantes que ele em entrevista à Folha em 2018.

Na época, um ano após o fim de seu talk show na Globo, Jô completava 80 anos e se dedicava ao teatro. Ele relembrou influências que o ajudaram a entrar no mundo artístico, como a atriz e produtora Ruth Escobar e a diretora Cacilda Becker. “A grande sorte que eu tenho é exatamente essa, de ter fontes de inspiração muito mais intrigantes.”

Jô trabalhava na peça “A Noite de 16 de Janeiro”, de Ayn Rand, que estreou em maio de 2018. O título chamou sua atenção por coincidir com sua data de nascimento. “E eu nasci de noite mesmo, às 22h50. Sei porque minha mãe fazia, o que era muito comum naquela época, o livro do bebê”, contou.

Além da direção da peça, Jô também interpretou Tuca, o juiz de um tribunal. Com “A noite…”, o artista voltava aos palcos pela primeira vez desde 2007. “Que ninguém espere uma atuação extraordinária, porque não é um grande papel. Mas vou me divertir muito.”

Jô recordou ainda a trajetória no teatro, iniciada durante a infância por influência de sua mãe e pelo período da juventude que passou na Europa. O humor esteve presente desde o início da carreira, com a popularidade das imitações que fazia, como a do ator Adolfo Celi.

Ele contou que um de seus primeiros papéis de destaque ocorreu em 1961, na comédia “Oscar”, dirigida por Cacilda Becker. “Cacilda me ensinou muito”, afirmou. “De jogadas teatrais, de maneiras de abordar um texto, de por que fazer daquela forma, tudo isso foi ela.”

Sua estreia como diretor ocorreu pouco tempo depois, em 1965, com a peça “Soraya, Posto 2”, produzida por Ruth Escobar. “Era maluquice da Ruth, daquelas coisas audaciosas dela. Criou para mim a carreira de diretor e eu sou eternamente grato a ela.”

Na ocasião, ele disse que era “impensável” realizar criações como Ruth fez em “O Balcão”, de Jean Genet, remodelando a arquitetura do teatro para abrigar o cenário da montagem. “É incrível o número de pessoas que eu conheci mais interessantes do que eu”, disse Jô.

Em 2018, Jô também produzia, em conjunto com o editor Matinas Suzuki Jr., sua autobiografia “desautorizada”, que estreou no segundo semestre do mesmo ano com relatos sobre suas histórias de vida.

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