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Lauv reflete seu passado no álbum ‘All 4 nothing’: ‘no fundo eu ainda sou a mesma pessoa’; leia a entrevista exclusiva

Para quem escuta “All 4 nothing (I’m so in love)”, faixa-título do novo álbum do cantor americano Lauv, lançado nesta sexta-feira, pode até pensar que a data mencionada na letra, 3 de outubro, seja uma referência ao filme “Meninas Malvadas” (2004). Afinal, essa é uma data que marca um de seus momentos mais icônicos. Isso, porém, é apenas uma coincidência, ele garante. Em entrevista exclusiva ao GLOBO, Lauv, de 27 anos, esboçou surpresa ao saber que poderia existir tal conexão entre este clássico adolescente e a canção, cujo videoclipe foi divulgado em 8 de abril e já soma mais de 7,5 milhões de visualizações no YouTube.

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— Foi uma data pessoal, mas isso é muito engraçado — disse o artista, de fato, em meio a risadas.— Muito bom. Preciso fazer um meme disso.

O que a referida música trata, na verdade, é da sensação agradável de começar um relacionamento amoroso e não querer que ela passe, enquanto também se encontra aliviado por não sentir mais a ansiedade atacando a mente da forma como acontecia antes de engrenar aquela relação.

‘É difícil ser você mesmo quando se está ansioso’

Quando o assunto é saúde mental, Lauv é bem aberto com relação a sua situação e diz que vem aprendendo a lidar com sua ansiedade.

Pensando sobre os momentos decisivos que já vivenciou — e ele disse que foram muitos — Lauv parou um pouco para refletir antes de responder. Por fim, optou por relatar um episódio ocorrido “bem recentemente”, durante um ensaio, quando de repente lhe veio uma ideia de exercício mental para afastar a ansiedade e continuar o trabalho se sentindo melhor.

— Estava me sentindo meio nervoso e me julgando no palco, mesmo que só houvesse a equipe lá, não era uma plateia. E fiquei tipo: “espera”. De alguma forma, comecei a fazer um jogo comigo mesmo. Comecei a imaginar o palco como se fosse minha casa de fato, como se aquele espaço todo fosse minha casa, assim como aquelas pessoas, tudo aquilo. De repente, comecei a me apresentar de forma muito melhor e mais confortável. Senti que podia fazer coisas que não fazia antes, cantar de um novo jeito, dançar e me movimentar de um novo jeito. Minha ansiedade foi embora. Senti que se eu me permitir ter uma sensação de me sentir em casa, no meu corpo, não importa onde eu esteja, vou me ser muito mais autêntico e genuíno, vou aprender mais sobre mim mesmo, encontrar quem realmente sou. Sempre que me sinto um pouco ansioso, sinto que nunca estou sendo eu mesmo. É difícil ser você mesmo quando se está ansioso. Então essa foi uma ótima tática para me livrar da ansiedade: pensar “estou em casa”, tipo, o tempo todo, “estou em casa agora, então está tudo bem”.

Sobre o processo criativo, Lauv contou que é bastante comum para ele uma inspiração de música surgir enquanto conversa com outras pessoas, mas ele também gosta de tirar um momento para si, se concentrar e compor.

— Acho que é um pouco dos dois. Às vezes [a inspiração vem quando] estou apenas deitado na cama ou estou no meio de uma conversa. Acontece muito durante conversas e então percebo: uau, isso é uma ideia para uma música. Mas muito disso também acontece quando me sento para fazer música, [a inspiração] surge assim também.

O interesse de Lauv pelo autoconhecimento não é uma novidade no trabalho. Na capa do disco “How I’m feeling” (2020), ele aparece vestido de branco circundado por versões menores de si mesmo em roupas coloridas, descritas como “as diferentes partes da minha personalidade para aquele álbum”.

— Sentia que antes estava de alguma forma numa caixa, não sei como dizer isso exatamente, mas pensei “preciso expressar essa parte aqui, aquela parte lá, e mais aquela outra. Então foi meio assim que fiz.

‘Retomando à parte livre de mim mesmo’

Já mais recentemente, no videoclipe da canção “Kids are born stars”, lançado em 28 de junho, e uma das 13 faixas de “All 4 nothing”, Lauv interage com um menino que representa ele próprio.

Quanto à lacuna existente entre a criança que ele já foi e quem ele é hoje, o cantor disse sentir que sua essência permanece a mesma.

— Acho que no fundo eu ainda sou a mesma pessoa, na maior parte. Acho que muitas vezes minha ansiedade e minha mente ficam na frente [como um obstáculo]. E isso foi uma coisa grande com esse álbum. Eu estava empurrando a ansiedade e retomando à parte livre de mim mesmo, sem pensar demais, apenas para voltar a esse lugar livre. E a forma como fiz o álbum foi principalmente em freestyle. Então era só ligar o microfone e gravar por cerca de 5 a 10 minutos. Normalmente a música surgia a partir daí. Antes, eu pensava mais. Não diria que planejava as coisas, mas agia pensando como “ah agora vou fazer isso, não, vou fazer aquilo lá”. E agora fiquei tipo “não, vou só desligar minha mente e me deixar levar”.

‘Me preocupo mais com o passado do que com o futuro’

Diante da reflexão sobre sua versão mais jovem no videoclipe, Lauv reconheceu que é uma pessoa do tipo que pensa mais sobre o passado do que o futuro.

— Eu definitivamente me preocupo mais com o passado do que com o futuro. Não sei por que. Acho que sequer penso no futuro às vezes — afirmou, rindo. — Fico tipo, pensando no passado, e então pensando no presente, e o presente, sabe, é o melhor.

Ainda assim, para Lauv, se concentrar no momento presente não é uma tarefa fácil.

— É difícil de se estar lá [no presente]. Às vezes é mais fácil pensar em outra coisa, mas estou trabalhando nisso: meditação — declarou.

‘Tudo sempre se resume a estar vulnerável’

A partir de uma pergunta sobre a maior lição que já aprendeu em sua carreira artística, que decolou em 2015, Lauv virou a cabeça um pouco de lado, olhou para cima, deu um longo suspiro e então voltou a encarar a tela de computador para responder.

— Eu acho que a maior lição que aprendi, e aprendo de tempos em tempos novamente, uma vez após a outra, é que tudo sempre se volta para vulnerabilidade; para mim pelo menos. Tudo sempre se resume a estar vulnerável. Não importa o que eu queira fazer ou onde eu queira estar, é que a verdade sempre surge da vulnerabilidade, para mim.

‘Amo colaborar com outros artistas’

O álbum novo não traz parcerias com outros artistas, mas Lauv já incluiu várias colaborações no anterior, a exemplo de “Who” com Jimin e Jungkook, ambos do BTS, e “I’m so tired” com Troye Sivan.

— Eu amo colaborar com outros artistas. Não há novas colaborações no meu novo álbum, tirei um tempo disso para trabalhar apenas comigo mesmo, mas as parcerias são muito divertidas. Sempre sinto que aprendo alguma coisa nova. Sempre tem uma experiência legal. Quanto trabalhei com o BTS, por exemplo, aconteceu por um encontro no show deles e de repente estávamos fazendo música juntos. Com LANY também foi muito divertido. Definitivamente gostaria de fazer mais parcerias — contou.

‘Sou muito grato ao apoio de vocês’

Ainda sobre expectativas para os próximos trabalhos, Lauv aproveitou para mandar um recado aos fãs brasileiros, destacando que mal pode esperar para vir ao país conhecê-los ao vivo.

— Não tenho turnês [mundiais] no momento, mas fico muito animado ao pensar em ir [ao Brasil]. Tenho grandes cumprimentos a dar ao Brasil e seu grande fã-clube. É claro, sou muito grato ao apoio de vocês, mal posso esperar para ver vocês. Ouço tantas coisas incríveis sobre o Brasil e a energia de lá. Já consigo imaginar na minha cabeça, seria louco, então estou muito animado para isso. Amo vocês e espero que vocês fiquem bem.

Confira ainda o último videoclipe lançado por Lauv, “Stranger”, publicado no YouTube nesta sexta-feira:

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