Por Marie-Louise Gumuchian
LONDRES (Reuters) – O cineasta norte-americano Alex Pritz investiga o coração cada vez menor da bacia amazônica no documentário “O Território”, retratando os perigos que uma etnia indígena enfrenta ao proteger seu patrimônio em um momento crucial para a maior floresta tropical do mundo.
O ex-diretor de fotografia e agora diretor acompanha membros da etnia uru-eu-wau-wau enquanto tentam impedir agricultores e grileiros de tomar suas terras ancestrais no Estado de Rondônia.
As etnias “estão fazendo isso para defender a si mesmas e sua casa”, disse Pritz à Reuters na quarta-feira em entrevista.
“Mas também é muito importante para o resto de nós fora do Brasil reconhecer que estão fazendo isso por nós também, e que seu trabalho está ajudando a salvar todos nós dos piores efeitos de nossas próprias emissões neste planeta em aquecimento.”
A extração ilegal de madeira e garimpo ilegal na Amazônia brasileira aumentaram no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem pressionado para permitir mais mineração e agricultura comercial na região para reduzir a pobreza, diminuindo a fiscalização ambiental e os recursos da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Ao realizar seu primeiro documentário de longa-metragem, Pritz também passou um tempo com os agricultores que sonham em garantir seu próprio pedaço de terra.
“Eles se veem como esses pioneiros virtuosos saindo e transformando a natureza em propriedade privada”, disse ele.
Ataques a indígenas e invasões de suas terras por garimpeiros e madeireiros ilegais, principalmente na Amazônia, aumentaram acentuadamente em 2021, agravando uma situação já “aterrorizante”, disse o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) da Igreja Católica no mês passado.
Ativistas ambientais também estão na linha de fogo.
Em junho, o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados durante uma viagem de pesquisa em uma parte remota da Amazônia invadida por pescadores ilegais, madeireiros e garimpeiros.