Economia

Natura&Co cai após negar rumores sobre Aesop e TBS; JPMorgan ainda vê desinvestimentos na mesa

SÃO PAULO (Reuters) – As ações da Natura&Co desabavam nesta sexta-feira, após a empresa afirmar que o processo interno de integração das operações na Natura&Co Latam continua, enquanto não conduz qualquer estudo para uma possível cisão da unidade Aesop ou venda da The Body Shop (TBS), segundo comunicado.

Às 15:50, os papéis da fabricante de cosméticos caíam 10,17%, a 15,01 reais, sendo o pior desempenho do Ibovespa, referência da bolsa paulista, que recuava 0,88%.

Nos últimos pregões, Natura&Co ocupou os holofotes em meio a reportagens e análises especulando sobre potencial reestruturação de seus negócios, que incluiria um possível spin-off da Aesop e a venda da TBS.

Analistas do JPMorgan afirmaram não ver grandes novidades no comunicado da Natura&Co, mas ressaltaram que alguns investidores aguardavam o anúncio de uma potencial venda/cisão de ativos esta semana, após a reunião do conselho de administração, o que explicaria a reação negativa.

“Acreditamos que há um maior senso de urgência para geração de fluxo de caixa, e não apenas crescimento, o que nos leva a começar a ficar cada vez mais positivo no nome, apesar dos resultados ainda provavelmente desafiadores no segundo semestre de 2022”, afirmaram em relatório a clientes.

Para Joseph Giordano e equipe, a descontinuação de ativos ainda está na mesa.

“Acreditamos que deve haver grandes mudanças estruturais nas operações da Avon International devido aos seus resultados operacionais ruins e estrutura altamente complexa em vários mercados pequenos quando comparado ao negócio principal da América Latina”, afirmaram.

“Nesse aspecto, o comunicado ao mercado não descarta uma possível revisão de seu modelo de atuação e presença em diferentes regiões”, acrescentaram.

Eles também avaliam que a cisão da Aesop não seria a solução de curto prazo, uma vez que é a “joia da coroa” dentro do grupo, sendo o único ativo de alto crescimento que se autofinancia com seu fluxo de caixa operacional próprio neste momento.

“Nesse contexto, a cisão da Aesop não seria uma solução para os problemas de fluxo de caixa da empresa, embora potencialmente desbloquearia valor para os acionistas. Assim, acreditamos que qualquer movimento envolvendo a Aesop, incluindo sua monetização parcial ou total, seria um último recurso.”

A venda de TBS, avaliam, seria um importante fator de desalavancagem, mas não é o melhor momento para isso, uma vez que traria receitas limitadas para o grupo, embora eliminasse um entrave ao fluxo de caixa.

“A TBS é, em nossa opinião, uma operação um tanto madura com uma presença global já ampla. No entanto, o impulso da administração anterior foi para o crescimento, em vez de ser uma fonte de fluxo de caixa lucrativa e relevante para o grupo.

Giordano e equipe também lembraram que, historicamente, a maior parte do Ebitda da TBS foi gerado no quarto trimestre.

“Assim, como ainda vemos tendências de normalização pós Covid-19, acreditamos que, embora as iniciativas de eficiência sejam implementadas na TBS, devemos aguardar os números do quarto trimestre de 2022 para ter uma melhor visão sobre a real saúde dessas operações antes de qualquer movimento.”

O JPMorgan tem recomendação ‘neutra’ para as ações da Natura&Co, com preço-alvo de 19 reais.

(Por Paula Arend Laier; edição de André Romani)

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