Economia

Chefe do FMI alerta autoridades britânicas sobre coerência de políticas fiscal e monetária

Por David Lawder

WASHINGTON (Reuters) – A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, repreendeu nesta quinta-feira o Reino Unido por seus planos de cortes de impostos, e disse ao ministro das Finanças e ao chefe do banco central do país que suas políticas fiscal e monetária não devem ser contraditórias.

As declarações dela durante as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial em Washington destacaram as preocupações com a turbulência no mercado financeiro desencadeada pelo “mini-orçamento” proposto pelo Reino Unido de aumento de gastos e cortes de impostos que ameaçavam ofuscar desafios econômicos maiores, como a luta contra a inflação e a impacto da guerra na Ucrânia.

Georgieva afirmou em entrevista coletiva que discutiu com o ministro das Finanças britânico, Kwasi Kwarteng, e com o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, sobre a necessidade de “coerência de políticas (econômicas) e comunicação clara…para que neste ambiente de nervosismo não haja motivos para mais ansiedade.”

“Nossa mensagem para todos, não apenas para o Reino Unido, neste momento, é que a política fiscal não deve minar a política monetária porque, se isso acontecer, a tarefa da política monetária só se tornará mais difícil e se traduzirá na necessidade de aumentos ainda maiores dos juros e aperto das condições financeiras”, disse Georgieva. “Então não prolongue a dor.”

A chefe do Fundo disse que qualquer recalibragem de políticas deve ser liderada por evidências. E agora, as evidências apontam para a necessidade de os governos manterem sua luta contra a inflação, mesmo que isso aumente o risco de uma recessão global.

Em entrevista à BBC, Kwarteng disse estar focado em apresentar o mini-orçamento e no crescimento econômico, depois que notícias afirmaeram que o governo britânico está avaliando reverter parte do plano.

Georgieva disse que a chance de uma recessão global agora é de cerca de 25% e acrescentou que o FMI ainda pede aos bancos centrais que continuem a apertar a política monetária para combater a inflação. Ela disse que isso reduzirá o salto dos preços, apesar da guerra em curso na Ucrânia, porque diminuiria a demanda, juntamente com os altos preços da energia e dos alimentos.

Mas Georgieva afirmou que a decisão do Banco da Inglaterra de intervir nos mercados de dívida soberana “foi apropriada” para preservar a estabilidade financeira e não interfere nos principais objetivos da política monetária do banco de estabilidade de preços.

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