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Brasil tem rombo de US$ 5,7 bilhões nas contas externas em setembro, pior resultado do mês desde 2014

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira que o Brasil registrou um rombo de US$ 5,7 bilhões nas contas externas em setembro de 2022, o pior resultado para o mês desde 2014 e terceiro pior desempenho da série histórica do Banco Central. O resultado das transações entre Brasil e outros países em 2014 havia sido negativo em US$ 8 bilhões.

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No acumulado dos nove primeiros meses deste ano, o Brasil também registra um déficit de US$ 29,6 bilhões nas contas externas. Esse é o pior desempenho para o período desde 2019, quando o rombo era de US$ 46,1 bilhões.

Esse indicador leva em conta o desempenho da balança comercial (trocas comerciais entre Brasil e outros países), de serviços (aquisição por brasileiros no exterior) e rendas (como remessas de juros, lucros e dividendos enviados do Brasil para fora do país).

Estimativa de déficit em 2022

O Banco Central estima que o resultado das contas externas vai ser deficitário em 2022. A projeção é de um rombo de US$ 47 bilhões.

Para a autoridade monetária, o crescimento do déficit nas contas externas do país está relacionado a piora na conta de serviços, representada por mais gastos no exterior, e de renda, com mais remessas ao exterior sendo feita pelas empresas.

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Fernando Rocha, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, diz que o crescimento do déficit nas transações correntes também é observado no montante acumulado nos últimos 12 meses, que está em US$ 46,15 bilhões, o que representa 2,6% do PIB. A avaliação de Rocha é de que o aumento do rombo também reflete uma base de comparação baixa, dos últimos meses de pandemia, mas não vê o valor como preocupante.

— O montante de 2,6% do PIB no déficit corrente é um valor baixo e que está sendo amplamente financiado pelo ingresso de capitais estrangeiros de longo prazo, especificamente de investimento direto no país — disse.

Para Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos, o rombo nas contas externas veio maior do que o estimado pelo mercado, principalmente pelo aumento das remessas de lucro das empresas para o exterior.

— O déficit nas contas correntes veio, principalmente, com as remessas de lucros das empresas estrangeiras para o exterior, que somaram US$ 2,5 bilhões em setembro e cujo fluxo sempre aumenta no final do ano. Mesmo com esse aumento da remessa de lucros, ainda tem uma entrada de investimento estrangeiro significativa, que é uma surpresa positiva — avalia.

O economista ainda destaca o desempenho da balança comercial, positivo, com as exportações de commodities agrícolas agregando para o resultado superavitário. No acumulado dos nove primeiros meses de 2022, o resultado da balança comercial é de US$ 34,9 bilhões, levemente superior ao resultado do ano passado, de US$ 34,6 bilhões.

Para Tatiana Nogueira, economista da XP Investimentos, foi esse desempenho que segurou um pouco do resultado das contas externas. “O sólido desempenho da balança comercial compensou déficits mais amplos nas contas de serviços e renda primária”, escreveu em análise.

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