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Excesso de acréscimos na Copa e público jovem fazem entidade debater parar o cronômetro

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Copa do Mundo no Qatar, em 2022, produziu alguns dos jogos mais longos da história do torneio depois que a Fifa instruiu os quarto árbitros a acompanharem o tempo perdido em cada duelo para que o árbitro principal pudesse compensar com acréscimos.

Originalmente, as paralisações prolongadas ocorriam apenas por lesões dos jogadores, mas, nos últimos anos, o tempo de acréscimo passou a levar em consideração várias substituições, verificações do árbitro de vídeo e comemorações prolongadas.

Como resultado, os jogos da primeira rodada da fase de grupos do último Mundial tiveram uma média de 11 minutos e oito segundos de compensação, sendo quatro minutos na primeira etapa e sete na segunda.

Embora esse tempo adicional tenha caído lentamente com o avanço do Mundial, os números registrados levaram a IFAB (International Football Association Board), órgão que regula o futebol, a debater sugestões para melhorar a dinâmica dos jogos, sobretudo o tempo de bola rolando, durante a sua reunião geral neste sábado (4), no Reino Unido.

Uma das possibilidades discutidas é a ideia de o cronômetro ser interrompido sempre que a bola não estiver em jogo, ou seja, durante uma falta, impedimento, tiros de meta, escanteios e gols. Neste caso, o tempo total de uma partida apenas com bola rolando seria 60 minutos, com dois tempos de 30.

O debate sobre a duração das partidas foi aberto recentemente pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, para acabar com o que ele considera “um flagelo” na modalidade, em referência ao tempo de bola parada.

A proposta divide opiniões. Paulo Vinicius Coelho faz parte do time que se diz contra a ideia. “Parar o cronômetro é uma agressão ao espírito do jogo”, diz PVC.

“É claro que a bola tem de andar mais e esta é a missão do árbitro. Toda mudança de regulamento recente tem a intenção de facilitar a vida de quem escolheu uma profissão difícil, arbitrar futebol. Ora, se o jogador retarda a partida, cartão amarelo. Se atrasa de novo, vermelho”, acrescenta.

Entre aqueles que são favoráveis estão alguns especialistas de mercado, que apresentam uma visão mais mercadológica do futebol. Para Bruno Maia, especialista em inovação e novas tecnologias do esporte, as mudanças nos hábitos de consumo de conteúdo, sobretudo do público de até 30 anos, também estão por trás da ideia de reduzir o tempo das partidas.

“Parece evidente a dissolução do interesse dos mais novos. O tempo está passando e as gerações mais jovens não estão esperando o futebol resolver esse problema”, afirma Maia.

As medidas que forem adotadas após a reunião deste sábado, porém, não serão imediatas, mas poderão ser vistas em testes a partir de 2024.

MUDANÇA NA REGRA DO IMPEDIMENTO

Outras mudanças nas regras do futebol também serão analisadas no encontro deste sábado, entre elas a regra do impedimento.

A proposta que estará na mesa é uma sugestão feita pelo diretor de desenvolvimento da Fifa, o ex-técnico francês Arsene Wenger, que propõe que o jogador atacante não esteja mais em impedimento se tiver com qualquer parte do corpo na mesma linha do último defensor.

Desde a adoção do VAR (árbitro de vídeo), a regra que define a posição regular ou não dos atacantes tem sido bastante criticada por marcações de impedimentos milimétricos.

Com a mudança proposta, os atacantes, portanto, seriam beneficiados.

O encontro vai ratificar, também, algumas mudanças já aprovadas, que entrarão em vigor a partir de junho, no início da próxima temporada europeia. A principal delas ficou conhecida como “anti-Dibu Martínez”, em referência ao goleiro da seleção da Argentina, que provocava os jogadores durante cobranças de pênaltis na Copa do Mundo.

Agora, os goleiros não poderão mais fazer jogos psicológicos com os cobradores, nem atrasar a cobrança batendo os pés ou as mãos nas traves ou ficar ajeitando as redes.

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