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Dólar recua frente ao real com Fed em foco após dados de inflação e colapso de bancos nos EUA

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía frente ao real nesta terça-feira, em meio a especulações sobre a trajetória de alta de juros do Federal Reserve, depois de dados de inflação norte-americanos não terem alterado significativamente a expectativa de que o colapso de bancos forçará uma moderação no ciclo de aperto nos Estados Unidos.

Às 10:24 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,67%, a 5,2331 reais na venda.

Na B3, às 10:24 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,30%, a 5,2515 reais.

Na véspera, a moeda norte-americana spot subiu 1,16%, a 5,2686 reais.

O índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 0,4% no mês passado, após avanço de 0,5% em janeiro, informou o Departamento do Trabalho nesta terça-feira. Isso reduziu o aumento na base anual para 6,0% em fevereiro, o menor ganho nessa base de comparação desde setembro de 2021. O índice havia subido 6,4% nos 12 meses até janeiro.

Os dados ficaram amplamente dentro do esperado, o que, segundo agentes do mercado, reforça expectativas de que o Federal Reserve não elevará os custos dos empréstimos em ritmo mais agressivo, de 0,50 ponto percentual, em seu encontro de política monetária de 21 e 22 de março, como era estimado até a semana passada.

A guinada nas apostas de operadores se deu em meio a temores de contágio após o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), que foi fechado repentinamente na sexta-feira após um aumento de capital fracassado, seguido de falência do Signature Bank de Nova York.

“A gente começa a enxergar os efeitos que uma alta de juros lá fora tem na economia; isso gerou o temor de acentuar uma recessão, de que outras empresas possam passar por esse processo de insolvência ou até de gerar uma crise de crédito”, disse à Reuters Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

“Isso fez a precificação sobre as próximas reuniões do Fed mudarem. Agora os mercados acreditam no máximo em 25 pontos-base de aperto (em março), com muitos pensando que talvez o Fed nem suba mais os juros.”

Num geral, a perspectiva de taxas terminais mais baixas nos EUA tende a beneficiar divisas emergentes, que ficam mais atraentes quando há maior diferencial de juros entre suas respectivas economias e a norte-americana. No entanto, se esse cenário fosse forçado por tensões financeiras mais amplas, os benefícios de juros mais altos seriam ofuscados pelos temores de recessão global, alertam especialistas, o que prejudicaria ativos arriscados.

Na cena doméstica, investidores digeriam a notícia de que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira convite para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falar em 4 de abril sobre o nível da taxa de juros no país, em meio a críticas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à conduta da política monetária.

O mercado fica ainda na expectativa pela divulgação do novo arcabouço fiscal do Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar o novo desenho esta semana para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

“O atual governo ainda está com muita dificuldade para colocar em prática um plano fiscal em que o mercado acredite, em que as contas fechem”, disse Izac, acrescentando que “essa incerteza tem um potencial muito nocivo para nossa moeda”.

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