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EUA querem investir no Brasil para extração de minerais críticos, diz enviado de Biden

EUA querem investir no Brasil para extração de minerais críticos, diz enviado de Biden

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O governo norte-americano quer investir no Brasil para a extração dos chamados minerais críticos, necessários para fabricar baterias de energia limpa, disse nesta terça-feira em Brasília o subsecretário de Estado para Assuntos Econômicos, Energia e Meio Ambiente, José W. Fernandez.

“O Brasil pode ser uma potência mineral nesse momento em que o mundo está sedento por minerais críticos”, disse Fernandez, um dos altos funcionários da administração Joe Biden a visitar o Brasil desde instalação do governo Lula.

A autoridade norte-americana disse ter discutido com o governo brasileiro a possibilidade de investimento na extração dos mineirais críticos, como lítio, magnésio, cobre, níquel, cobre, entre outros, cruciais para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono.

O fornecimento do tipo de material é um desafio para a transição econômica e energética verde, tanto pela demanda, em crescimento veloz, como em termos geopolíticos, com a China processando quase 90% das terras raras e 60% do lítio, um elemento-chave para as baterias.

Tendo isso como pano de fundo, em 2022 o governo norte-americano formou uma aliança com a Comissão Europeia e outros 11 países — Canadá, Austrália, Finlândia, Alemanha, França, Japão, Coreia do Sul, Suécia, Reino Unido, Noruega e Itália – dedicada a atuar na cadeia desses minerais. A intenção é oferecer a países produtores investimento na exploração desses minérios e, especialmente, diminuir a dependência mundial de Pequim no tema.

“Os membros dessa parceria estão muito interessados na possibilidade de investimento no Brasil”, disse Fernandez. “Conversamos com o governo brasileiro sobre isso e é algo sobre o que vamos continuar a conversar.”

Um relatório do think thank americano Brookings Institute mostra que a China é hoje responsável pelo refino de 68% do níquel, 40% do cobre e 73% do cobalto do mundo.

“Você tem uma vulnerabilidade na cadeia de abastecimento nesse setor. Nós aprendemos o que isso significa na pandemia”, seguiu Fernandez.

O subsecretario disse ainda que frequentemente, na mineração, há uma corrida para baixo — ganha quem consegue produzir mais barato, com custo mais baixo –, o que acaba tendo um enorme impacto ambiental.

“Então o que estamos dizendo (aos países onde queremos produzir) é que vamos seguir os padrões ambientais, sociais e de governança que seguimos nos nossos países. Não é porque vamos trabalhar em um novo país que vamos nos associar a essa corrida para baixo”, prometeu.

Segundo Fernandez, estão sendo feitas negociações entre os países da aliança e alguns países africanos e, no momento, 15 projetos de extração e processamento de mineirais críticos estão sendo analisados.

De acordo com o Anuário Mineral Brasileiro, o país tem hoje exploração de alguns dos principais minerais críticos, como cromo, níquel, manganês, cobre, entre outros, sendo o maior produtor mundial de nióbio. No entanto, o país teria jazidas de todos os 50 minerais críticos no mundo, incluindo lítio.

Um relatório de 2022 da Agência Internacional de Energia calcula que a demanda de minerais críticos irá dobrar até 2040 com necessidade atual.

No entanto, se o mundo fizer um esforço real para cumprir as metas do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, a necessidade quadruplicará, e um esforço maior, para se chegar a zerar as emissões líquidas de carbono até 2050, como vários países se comprometeram, elevaria a demanda em seis vezes.

Já a demanda por alguns minerais, como lítio e manganês, crescem ainda muito mais, podendo chegar a 40 vezes o produzido atualmente.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

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