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Moagem de cana do CS dispara na 2ª quinzena de março, mas fica abaixo do esperado

Moagem de cana do CS dispara na 2ª quinzena de março, mas fica abaixo do esperado

Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira

SÃO PAULO/NOVA YORK (Reuters) – CebA moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil na segunda quinzena de março aumentou 271,37% ante o mesmo período do ano passado, com muitas usinas optando por um início precoce da nova temporada de olho em uma grande safra prevista para 2023/24, ciclo que começou oficialmente em abril.

A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) informou nesta quarta-feira que as usinas processaram 4,386 milhões de toneladas na segunda parte de março. Mas o volume ficou abaixo de uma expectativa da entidade de 5 milhões de toneladas, divulgada no mês passado, em meio a chuvas em algumas regiões.

Na mesma época do ano passado, o setor havia processado apenas 1,18 milhão de toneladas. Mas em 2021 chegou a processar cerca de 5 milhões de toneladas na segunda quinzena de março.

A Unica não comentou sobre fatores climáticos na segunda quinzena, mas destacou que ao término do período estavam em operação 63 unidades no centro-sul, sendo 52 com processamento de cana e 11 empresas que fabricam etanol a partir do milho.

O total de usinas em operação ficou perto da expectativa divulgada anteriormente, de 60 unidades, mais que o dobro das 25 fábricas que operavam na mesma época de março de 2022.

Questionada, a Unica disse que “não há uma causa evidente do motivo da moagem não ter atingido a projeção dos 5 milhões de toneladas”.

Com os preços do açúcar no mercado internacional próximos dos maiores valores em 11 anos, em meio a um aperto na oferta global, as usinas destinaram mais cana do que o usual para a produção do adoçante na segunda quinzena.

Quando estão iniciando uma nova safra, geralmente as empresas focam mais o etanol. Mas a destinação de cana para açúcar foi de 33,43% do total processado, versus apenas 11% no mesmo período do ano passado.

O restante da matéria-prima foi para a fabricação de etanol, cuja produção cresceu na segunda quinzena 76,6%, para 377 milhões de litros.

Já a fabricação de açúcar somou 146 mil toneladas, versus apenas 12 mil toneladas na mesma parte de 2022.

ENCERRAMENTO DA SAFRA

A moagem de cana-de-açúcar na safra 2022/2023, encerrada em março, totalizou 548,28 milhões de toneladas, um avanço de 4,61% ante o ciclo passado, quando o setor foi atingido por seca e geadas.

Segundo dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a produtividade agrícola média na safra 2022/2023 foi de 73,3 toneladas de cana por hectare, aumento de 8,1% em relação ao ciclo de colheita passada.

“O ganho de produtividade é resultado das melhores condições climáticas observadas na safra, especialmente nos meses de verão em 2022”, disse a Unica.

Os indicadores de produtividade indicam bom prognóstico para a nova safra, que deve atingir volumes próximos de 600 milhões de toneladas, segundo analistas.

Já a qualidade da matéria-prima colhida na safra 2022/23, mensurada em kg de ATR por tonelada de cana processada, apresentou redução de 1,45% na comparação com o último ciclo agrícola, atingindo 140,80 kg de ATR por tonelada ao final do ciclo.

Apesar de o setor ter colhido a menor safra em cerca de dez anos em 2021/22, a seca que atingiu aquele ciclo ajudou a concentrar açúcares, beneficiando a qualidade.

EXPORTAÇÕES NA SAFRA 22/23

A Unica informou ainda que as exportações de açúcar somaram 27,78 milhões de toneladas em 2022/23, alta de 7% ante a temporada anterior, com a receita avançando mais de 2 bilhões de dólares, para 11,48 bilhões de dólares.

Já as vendas de açúcar no mercado interno somaram 8,57 milhões de toneladas, alta de 1,6% na comparação com a safra anterior.

A exportação de etanol somou 2,7 bilhões de litros em 2022/23, aumento de cerca de 1 bilhão de litros na comparação anual, com Países Baixos sendo destino de mais de 30% do total exportado, seguidos por Coreia do Sul (28,9%) e Estados Unidos (17,4%).

No total do ciclo 2022/2023, o setor comercializou 16,58 bilhões de litros de hidratado (-0,60%) e 12,51 bilhões de litros de etanol anidro (+14,92%) a partir de usinas da região centro-sul do Brasil, com o mercado interno absorvendo a maior parte.

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