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Ucrânia relata pequenos ganhos em estágios iniciais de contraofensiva

Por Tom Balmforth

KIEV (Reuters) – A Ucrânia disse nesta segunda-feira que suas tropas recapturaram uma quarta vila das mãos das forças russas em um aglomerado de assentamentos no sudeste, um dia depois de relatar os primeiros pequenos ganhos de sua tão esperada contraofensiva.

A tarefa de acabar com a ocupação do sul e leste da Ucrânia por Moscou é complicada, dada a superioridade numérica da Rússia em homens, munições e poder aéreo, e os muitos meses que o país levou para construir fortificações defensivas.

Kiev disse no domingo que suas forças libertaram três vilas –Blahodatne, Neskuchne e Makarivka– e, nesta segunda-feira, soldados foram vistos em vídeo segurando a bandeira ucraniana na vizinha Storozheve. A Reuters confirmou a localização da filmagem.

O ministro da Defesa agradeceu à 35ª Brigada Separada de Fuzileiros Navais por recuperar o controle da vila.

A captura das quatro vilas pela Ucrânia em questão de dias já é seu avanço mais rápido em sete meses, embora ainda esteja longe de um grande avanço nas profundas linhas defensivas da Rússia.

O avanço reivindicado soma apenas cinco quilômetros no total, ainda a cerca de 90 km da costa do Mar de Azov e do prêmio provisório de cortar a “ponte de terra” da Rússia para a Crimeia, península que Moscou tomou da Ucrânia em 2014.

A Ucrânia está apostando nas dezenas de bilhões de dólares em armamento, treinamento e inteligência que recebeu do Ocidente, combinados com sua própria determinação no campo de batalha, raciocínio tático e a motivação de expulsar um invasor de sua própria terra.

Também sabe que pode ter que mostrar um progresso significativo durante o verão (no Hemisfério Norte) para manter o mesmo nível de apoio militar, financeiro e moral ocidental.

O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia disse que suas forças se envolveram em duas dezenas de batalhas pesadas nas últimas 24 horas no front oriental, perto da cidade de Bakhmut, mais ao sul, perto de Avdiivka e Maryinka, e mais ao norte, perto de Bilohorivka. Não deu detalhes semelhantes sobre a luta no front sul, onde se espera a contraofensiva principal.

Moscou ainda não reconheceu oficialmente nenhum avanço ucraniano, dizendo na semana passada que repeliu vários ataques e infligiu pesadas baixas às forças ucranianas. Imagens não verificadas circularam nas redes sociais de veículos blindados norte-americanos e alemães destruídos.

No entanto, alguns proeminentes blogueiros militares russos indicaram que as forças ucranianas tomaram Blahodatne e Neskuchne, embora tenham dito que a luta por Makarivka continua.

É quase certamente muito cedo para tirar conclusões sobre o destino da contraofensiva a partir dos primeiros combates que podem ser mais para testar as defesas russas do que buscar um grande avanço.

O Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos Estados Unidos, disse que a Ucrânia estava tentando “uma operação tática extraordinariamente difícil –um ataque frontal contra posições defensivas preparadas, ainda mais complicado pela falta de superioridade aérea– e esses ataques iniciais não devem ser extrapolados para prever todas as operações ucranianas”.

Ben Hodges, um ex-comandante das forças dos EUA na Europa, escreveu que o ataque principal, quando vier, deverá contar com várias centenas de tanques e veículos de combate de infantaria.

“A ofensiva claramente começou, mas não acho que seja o ataque principal”, escreveu ele em um artigo para o Centro de Análise de Política Europeia, com sede em Washington.

(Reportagem de Pavel Polityuk e Tom Balmforth em Kiev, Anna Pruchnicka em Gdansk e Lidia Kelly em Melbourne)

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